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Mais de 73 milhões de brasileiros endividados: juros altos e empregos ruins explicam o caos

Estudo mostra que juros altos, inflação e baixa qualidade dos empregos explicam o aumento dos inadimplentes no país

Brasileiros endividados somam mais de 73 milhões, segundo levantamento do Serasa referente a agosto de 2024. O número representa um aumento de 16% desde 2021 e confirma uma tendência preocupante: o crescimento constante da inadimplência em meio a um cenário de instabilidade econômica e precariedade nas condições de trabalho.

De acordo com estudo do Ibevar-FIA, com dados do Banco Central e do Ipea, a inadimplência é resultado de um ciclo complexo, alimentado por juros elevados, inflação persistente, renda baixa e ocupação informal. O estudo mapeou as conexões entre essas variáveis e mostrou como o endividamento se retroalimenta com o tempo, pressionando ainda mais o orçamento das famílias.

Juros e inflação afetam diretamente os brasileiros endividados

A principal conclusão do estudo é clara: a taxa de juros é o fator mais decisivo para o aumento da inadimplência. Um acréscimo de apenas 1% na taxa de juros ao consumidor eleva a inadimplência em 0,746% no intervalo de 3 a 4 meses. Essa relação direta evidencia como o custo do crédito influencia o descontrole financeiro de milhões de famílias.

Mais de 73 milhões de brasileiros endividados: juros altos e empregos ruins explicam o caos

Além disso, a inflação tem efeito significativo, embora mais lento, impactando a inadimplência com 0,034% de aumento entre 4 e 5 meses após a alta dos preços. A perda do poder de compra, somada ao encarecimento do crédito, compromete a capacidade de pagamento, especialmente entre os mais pobres.

Ocupação informal e renda baixa agravam o problema

Outro dado revelador do levantamento é o paradoxo da ocupação: mesmo com aumento no número de trabalhadores empregados, a inadimplência também cresce. A explicação está na qualidade dos empregos. O avanço da informalidade e dos salários baixos faz com que o consumo aumente sem lastro financeiro sólido, gerando atrasos nos pagamentos.

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Segundo os pesquisadores, uma elevação de 1% no nível de ocupação pode aumentar a inadimplência em 0,049% após 2 ou 3 meses. Já a elevação da renda média real tem efeito ainda mais discreto, de apenas 0,00036%, mas também impulsiona o endividamento quando não vem acompanhada de estabilidade e educação financeira.

A raiz estrutural da crise dos brasileiros endividados

Os dados mostram que não se trata apenas de falta de dinheiro, mas de um modelo desequilibrado de crédito e trabalho. O estudo reforça que o endividamento elevado está diretamente ligado à taxa de juros alta, que por sua vez encarece o acesso ao crédito, forçando decisões de consumo de alto risco.

A inadimplência, nesse cenário, não é um erro individual é um reflexo de uma estrutura econômica onde as famílias consomem acima de sua capacidade de pagamento por falta de alternativas sustentáveis. A combinação de baixa renda, ocupação precária e crédito caro forma um ciclo difícil de romper.

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