Com guerras e tarifaço, exportação do Brasil deve crescer 0,1% em relação a 2024
Segundo estimativa da Associação de Comércio Exterior do Brasil, superávit neste ano será 27,4% menor do que no ano passado

Com as guerras, o tarifaço de Donald Trump e a instabilidade econômica mundial, as exportações brasileiras devem crescer 0,1% em comparação a 2024, segundo estimativa da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). De acordo com a entidade, neste ano as exportações devem somar US$ 337,509 bilhões, enquanto no ano passado o valor foi de US$ 337,036 bi.
Em contrapartida, as importações devem chegar a US$ 283,395 bilhões, aumento de 8% em relação aos US$ 262,482 bi alcançados em 2024. O superávit esperado é de US$ 54,114 bilhões, uma queda de 27,4% em relação aos US$ 74,554 bi consolidados no ano passado.
Os dados foram divulgados esta semana pela AEB, em uma revisão das projeções feitas pela entidade no começo do ano para a balança comercial brasileira. O presidente-executivo da entidade, José Augusto de Castro, explica que os resultados têm como base o cenário atual de incertezas e as oscilações bruscas, causadas pela guerras Rússia x Ucrânia e no Oriente Médio, além da instabilidade econômica mundial e do aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos.
“Definir o amanhã é, mais do que nunca, um exercício de futurologia graças ao novo mundo geopolítico, econômico e ambiental que se vislumbra, que será de grandes desafios para o mundo”, acredita.
A AEB aponta ainda que, neste ano, observa-se uma queda generalizada de preços e a elevação de volumes, provocando estabilidade nas exportações, crescimento das importações e encolhimento do superávit comercial.
O levantamento feito pela associação revela, por exemplo, que as três principais commodities exportadas pelo Brasil (soja, petróleo e minério de ferro) – que representam mais de 30% do valor total – devem apresentar queda nas cotações das exportações.
“Este cenário mostra outras commodities com queda de preço, cenário diretamente responsável pelo equilíbrio das exportações, aumento das importações e redução do superávit comercial projetado para o corrente ano de 2025”, informa.
Recorde
A entidade avalia que neste ano as exportações de soja em grão poderão atingir novo recorde, de 113 milhões de toneladas – um aumento de 14% em relação ao volume recorde de 99 milhões de toneladas embarcadas em 2024.
“Pela primeira vez na história do comércio exterior brasileiro, em 2025, dois produtos, soja em grão e petróleo bruto, poderão ultrapassar o montante de US$ 45 bilhões em exportações cada um, e estarão lutando entre si para assumir o posto de maior exportador do Brasil”, acrescenta o levantamento.
Segundo a AEB, os dados projetados para 2025 indicam que o Brasil deverá permanecer na atual 26ª posição no ranking mundial de exportação e na 25ª no de importações.