Turismo

Tatuamunha: A praia escondida de Alagoas que virou febre entre turistas que fogem do óbvio e buscam exclusividade total

Faixa de areia quase deserta, hospedagem pé-na-areia com energia solar e passeios em jangadas para observar peixes-boi fazem de Tatuamunha o segredo mais bem guardado da Rota Ecológica dos Milagres, a apenas duas horas de Maceió

Tatuamunha, uma pequena comunidade à beira do Rio homônimo, saltou de vilarejo de pescadores a refúgio cobiçado por viajantes que procuram tranquilidade, sofisticação e contato genuíno com a natureza

Situada a 100 km de Maceió e a 20 km de Maragogi, a localidade norte-alagoana faz parte da Rota Ecológica dos Milagres, um corredor de 23 km de praias quase intocadas protegido pela Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais.

Acessar essa praia escondida de Alagoas exige paciência e intenção. Só há uma estrada estreita – a AL-101 Norte – e a oferta de hospedagem se resume a menos de duas dezenas de pousadas pé-na-areia e algumas casas de temporada administradas por famílias locais.

Esse gargalo logístico, em vez de desvantagem, virou sinônimo de exclusividade: o destino já ganha o apelido de “novo Milagres”, graças ao fluxo controlado de visitantes e ao compromisso com construções de baixo impacto – empreendimentos não podem ultrapassar dois andares nem ocupar mais que 40 % do terreno, segundo diretriz discutida pelo Convention & Visitors Bureau da rota.

Ecoturismo e proteção do peixe-boi em Tatuamunha

O cartão-postal da região é o Santuário do Peixe-Boi-Marinho, mantido pela Associação Peixe-Boi com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Para proteger o mamífero mais ameaçado da costa brasileira – hoje restam perto de 1 000 indivíduos no país – apenas 70 pessoas por dia podem navegar pelo rio em jangadas empurradas a vara.

O ingresso custa R$ 100 e inclui acompanhamento de condutores comunitários, dos quais 53 se revezam entre guiar e remar, reforçando o caráter de turismo de base local.

Essa combinação de ciência, conservação e renda compartilha-se como narrativa poderosa: quem visita a praia escondida de Alagoas também financia a pesquisa, o resgate e a reabilitação de animais encalhados.

Que outra experiência oferece proximidade com um gigante de até 400 kg em habitat livre sem comprometer o bem-estar do bicho?

Hotéis-boutique e sustentabilidade

A fama crescente da Rota Ecológica não estimulou resorts de grande porte, mas sim pousadas autorais que apostam em energia solar, separação de resíduos e insumos orgânicos.

Na Villa Tatuamunha, chuveiros aquecidos por placas fotovoltaicas reduzem o consumo de lenha; no bangalô Aldeia Beijupirá, uma micro-usina garante autonomia de 100%.

Para quem sonha investir ou prolongar a estadia, o condomínio Sunrise Tatuamunha – em obras desde 2024 e entrega prevista para 2027 – promete áreas comuns movidas 100 % a energia limpa, carregadores para carros elétricos e beach bar a poucos passos da areia.

Mas será que o luxo imobiliário consegue preservar o magnetismo desse paraíso alagoano sem repetir erros de destinos superexplorados?

Gastronomia local e experiências sob medida em Tatuamunha

Chefes que trocaram capitais por uma vida mais vagarosa firmaram parcerias com marisqueiras locais; hoje lagostas, polvo e camarões chegam da canoa direto à cozinha, virando menus-degustação servidos sob amendoeiras.

Alguns estabelecimentos aceitam no máximo 20 clientes por serviço, estratégia que preserva a proposta intimista e reduz desperdícios, reforçando a fama de praia escondida de Alagoas entre foodies de São Paulo, Buenos Aires e Lisboa.

Quer mergulhar mais fundo na cultura regional? A Associação Peixe-Boi organiza, fora do horário de maré, passeios de caiaque pelos manguezais, workshops de renda filé e até aulas de percussão afro-indígena.

Cada atividade reforça o sentimento de pertencimento e prolonga estadas médias que já superam seis noites, segundo guias locais.

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