Turismo

Praia do Atalaia (PA) mais parece um estacionamento

Salinópolis, no norte do estado, é um evento à parte: tem areia, banhistas e carros, muitos carros

Por Gabriel Noleto

Desde que cheguei a Belém eu ouço falar de Salinas. É Salinas pra lá, Salinas pra cá. Pessoas que gostam, pessoas que não gostam tanto assim. Até há quem cite Mosqueiro. Mas Salinas sempre vem à tona.

Olhando o mapa do Pará… Estranho. Cadê Salinas? Mosqueiro é fácil. Uma ilha pertinho de Belém. Lugar que as pessoas vão aos fins de semana. Preciso conhecer. Mas e Salinas?

Até que percebi o óbvio: estou há léguas de distância de já saber os atalhos do Pará. Salinas é o jeito do povo daqui para se referir a Salinópolis. É como chamar Copacabana de Copa. Florianópolis de Floripa.

Sai de Belém de carro, pega a BR-316 e vai embora em direção ao noroeste do estado. Vai passar por Ananindeua, Santa Izabel do Pará, Castanhal e Santa Maria do Pará. Eis então Salinópolis. Resorts, hotéis, praias!

Depois pega a PA-324 e sobe. Norte! Extremo norte do Pará. E vai! Cidades como Nova Timboteua vão aparecer no caminho. Salinópolis, depois de 3h30 de Belém, vai aparecer.

Ao contrário das praias perto de Belém, como as da Ilha de Mosqueiro, Salinópolis não tem praia de rio, é banhada pelo Atlântico. O mesmo oceano onde eu aprendi a furar as ondas quando garotinho. Águas do Norte, sim, mas o Atlântico é o mesmo. É o cheiro de sal de novo!

Fui para a praia do Atalaia. Tomei baque. As areias estavam lá, como deve ser. As pessoas curtindo o sol e o verão amazônico, também. Tudo o que se espera de uma praia. Mas o baque veio forte: muitos carros. Sabe onde? Na areia!

Sim. Muito sim. Carros na areia. Entre as cadeiras e barracas (“guarda-sol” para os não-iniciados no jeito de falar carioca), carros, automóveis. Desde os modelos mais populares até carros de luxo.

O que vi foi uma experiência de veraneio ostentação. O ronco dos carros e o cheiro da fumaça que saía do escapamento não me deixaram sentir o cheiro do sal, muito menos ouvir o mar. Sequer curtir o fato de estar na praia eu pude.

Descobri que Salinópolis não se limita à praia do Atalaia. Suspirei aliviado.

Não fui, mas soube que a praia do Maçarico é “uma praia de verdade”. Calma, areia, sol, água de coco, cerveja, coisas para comer. Não conheci mas gostei.

Então esse é apenas um relato de quem levou um susto. Nada mais.

Não chamo Salinópolis de Salinas. Ainda não me cabe essa intimidade. Justamente por isso darei, claro, uma outra chance a mim mesmo de curtir uma praia lá. Só vou ajustar a rota. Atalaia, não. Maçarico, sim!

E assim eu vou, tateando, conhecendo, percorrendo os caminhos daqui, encontrando o Pará, e, enquanto isso, me encontrando.

Até o dia que Salinópolis será simplesmente Salinas.

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