Trama golpista: STF ouve 16 testemunhas indicadas por réus do núcleo 2
Testemunhas foram indicadas por Marília Alencar, Silvinei Vasques e Mario Fernandes, que integram o núcleo 2 ao lado de outros três réus

O Supremo Tribunal Federal (STF) prossegue com os depoimentos das testemunhas do núcleo 2 da suposta trama golpista que pretendia manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Os nomes das testemunhas a serem ouvidas foram indicados pela ex-diretora do Ministério da Justiça Marília Ferreira de Alencar; pelo general do Exército Mario Fernandes; e pelo ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques.
Entenda
- O STF ouve, nesta sexta-feira, testemunhas indicadas pelo núcleo 2 da suposta trama golpista.
- Os nomes foram sugeridos por Silvinei Vasques, Marília Alencar e Mario Fernandes.
- As testemunhas apontadas no núcleo 3, dos réus conhecidos como “kids pretos”, serão ouvidas na próxima semana.
- O ministro Alexandre de Moraes já marcou o interrogatório dos réus do núcleo 4, considerado o grupo da desinformação. A oitiva dos integrantes está agendada para o dia 24 de julho.
Ao todo, são esperados depoimentos de 16 testemunhas. Pela manhã, devem ser ouvidos os nomes indicados por Marília, com destaque para o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha e para Léo Garrido de Sales Meira, indiciado pela Polícia Federal (PF) por envolvimento na operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022.
As audiências, conduzidas por juízes auxiliares do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, contam com a presença de representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), que têm solicitado que testemunhas investigadas em outras petições no STF não sejam ouvidas. Os juízes têm acatado parcialmente esses pedidos, permitindo que as testemunhas prestem depoimento, mas ressaltando que estão dispensadas do compromisso de dizer a verdade sobre fatos que possam incriminá-las — como pode ser o caso de Meira, já indiciado pela PF.
À tarde, será a vez das testemunhas indicadas pelo general Mario Fernandes — que permanece preso por decisão de Moraes – e de Silvinei Vasques. O militar indicou seis testemunhas, entre elas Lucas Rotilli Durlo, conhecido como “líder dos caminhoneiros” em Mato Grosso. Durlo foi indiciado pela PF no inquérito da tentativa de golpe, mas acabou não sendo denunciado pela PGR.
Já Silvinei arrolou como testemunhas a juíza Erika Souza Corrêa Oliveira e o delegado Caio Rodrigo Pellim. Este último constava inicialmente também na lista de Marília, mas foi dispensado por ela. A defesa do ex-diretor da PRF afirmou que pretende ouvir Pellim, mas ainda precisará comunicá-lo oficialmente sobre a oitiva.
Marília, Mario e Silvinei integram o núcleo 2 da denúncia da PGR sobre a tentativa de golpe de Estado. O grupo, formado por mais três réus, é acusado de elaborar a chamada “minuta do golpe”, monitorar o ministro Alexandre de Moraes e articular ações com a PRF para dificultar o voto de eleitores do Nordeste nas eleições de 2022.
Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Marília, ao lado do ex-ministro Anderson Torres e de Fernando de Sousa Oliveira – todos réus -, atuou tanto no uso indevido da PRF quanto na possível omissão das forças de segurança nos atos de 8 de Janeiro, em Brasília. Os três integravam a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) à época.
O general, segundo a PGR, foi responsável por coordenar ações de monitoramento e de neutralização violenta de autoridades públicas, em parceria com Marcelo Costa Câmara, também réu do núcleo 2. Segundo a denúncia, o militar atuava como interlocutor com lideranças populares ligadas ao movimento golpista, especialmente nos eventos do 8 de Janeiro. Ambos negam as acusações.
Na acusação feita por Paulo Gonet, Silvinei teria utilizado irregularmente a máquina pública para interferir no processo eleitoral de 2022, impedindo ou dificultando o trânsito de eleitores.