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Navio sonda da Petrobras chega à Margem Equatorial para teste que vai liberar ou proibir a exploração do petróleo

A batalha pelo petróleo e gás da Amazônia: Navio Sonda chega à Margem Equatorial para teste decisivo

A chegada do navio sonda ODN II à costa do Amapá marca o clímax de uma década de disputas e reacende o debate sobre o futuro da exploração de petróleo e gás no Brasil.

A saga para explorar o potencial de petróleo e gás na Margem Equatorial brasileira chegou ao seu momento mais crítico. O navio sonda ODN II, contratado pela Petrobras, já está posicionado na Bacia da Foz do Amazonas, após uma viagem de 18 dias que partiu do Rio de Janeiro. Sua missão não é perfurar, ainda, mas realizar um teste que definirá o futuro de um dos projetos mais ambiciosos e polêmicos do país.

A operação é o epicentro de uma batalha que divide o Brasil. De um lado, a promessa de destravar uma nova fronteira de riqueza e garantir a segurança energética. Do outro, o temor de um desastre ambiental em uma das áreas mais sensíveis do planeta. O que acontecer nos próximos dias na costa do Amapá irá ecoar por anos na política, na economia e no meio ambiente.

A vanguarda da operação: o navio sonda ODN II e sua missão

O protagonista desta operação é o navio sonda ODN II. Operado pela Foresea (empresa sucessora da Odebrecht Óleo e Gás), ele partiu do Rio de Janeiro em 7 de junho de 2025, após passar por uma exigente limpeza no casco para remover corais invasores, uma condição imposta pelo IBAMA.

A missão imediata da embarcação é servir de base para a Avaliação Pré-Operacional (APO). Trata-se de um gigantesco simulado, envolvendo mais de 400 pessoas, para testar na prática a capacidade da Petrobras de responder a um vazamento de óleo. A conclusão bem-sucedida deste teste é a última condição para que o IBAMA considere liberar a licença de perfuração.

Por que a Petrobras aposta tudo na Margem Equatorial?

A insistência da Petrobras em perfurar na Margem Equatorial se explica pelo potencial da região. O alvo da perfuração é o poço “Morpho”, no bloco FZA-M-59, localizado a mais de 500 km da foz do Rio Amazonas.

Estimativas da Agência Nacional do Petróleo (ANP) sugerem que toda a Margem Equatorial pode conter até 30 bilhões de barris de óleo equivalente. Por isso, a Petrobras planeja investir US$ 3 bilhões na área até 2029, com o objetivo de perfurar 15 poços. A exploração, que será realizada por um navio sonda de última geração, é vista como essencial para repor as reservas de petróleo e gás do Brasil, que começarão a declinar com a maturação dos campos do pré-sal.

A longa e controversa batalha pelo licenciamento

O caminho até aqui foi longo. O processo de licenciamento para o bloco FZA-M-59 começou em 2014, ainda com a britânica BP. Em 2020, a Petrobras assumiu o projeto, mas a licença foi negada pelo IBAMA em maio de 2023, que apontou “inconsistências preocupantes” nos estudos ambientais.

A decisão expôs uma fratura dentro do governo. A área técnica do IBAMA continua a se opor à perfuração, enquanto a ala política, incluindo o Ministério de Minas e Energia e o próprio presidente da República, pressionam pela aprovação. A realização da APO foi a solução encontrada para tentar quebrar o impasse.

Segurança energética contra o risco socioambiental

A disputa pelo gás da Amazônia opõe duas visões de país. O governo e a indústria defendem a exploração como vital para a economia e para a soberania energética, projetando uma arrecadação de até US$ 200 bilhões para o Estado.

Do outro lado, uma coalizão de ONGs, como Greenpeace e WWF, e organizações indígenas, como a COIAB, alertam para o risco inaceitável. Eles apontam que um vazamento poderia destruir os Recifes da Amazônia, um ecossistema único, e afetar a vida de milhares de pescadores e comunidades tradicionais que não foram devidamente consultadas, como exige a lei.

O teste final em 2025 com o navio sonda: O futuro do petróleo e gás na Amazônia em jogo

A chegada do navio sonda ODN II para o simulado não é apenas um procedimento técnico; é um evento político de alto risco. Qualquer falha, por menor que seja, será usada pelos opositores como prova de que a operação é inviável. Um sucesso, por outro lado, dará à Petrobras e ao governo o argumento final para defender a licença.

O resultado da APO, que acontece entre o final de junho e o início de julho de 2025, não definirá apenas o futuro do poço Morpho. Ele criará um precedente para todos os outros 33 blocos já concedidos na região, selando o destino da exploração de petróleo e gás na polêmica fronteira da Margem Equatorial.

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