Geral

Estudo relaciona crimes ambientais a “desertos de notícias” nas periferias

Quanto mais o território é de quebrada, urbana ou rural, maior a degradação, e menor a quantidade de informações

Imprensa cobriu pouco mais de 1% de infrações à Lei dos Crimes Ambientais, em nove estados monitorados. Crimes vão de maus-tratos a animais a desmatamento irregular e poluição de nascentes. Dados sobre o Pará, que vai sediar a COP 30, preocupam

Em ano de COP 30, levantamento revela que a grande quantidade de crimes ambientais é inversamente proporcional às notícias na imprensa, além da falta de padronização dos dados. Nas periferias urbanas e territórios de povos tradicionais, a situação é mais grave. A conclusão é da Rede de Observatórios de Segurança, em nove estados.

Foram identificados 41.203 crimes tipificados na Lei dos Crimes Ambientais. Mas, na imprensa, saíram 495 casos, pouco mais de um por cento, como a exploração de areia e saibro por milícias no Rio de Janeiro. Eles vendem para o mercado irregular de construção civil.

“A população de periferias urbanas e rurais têm a violação dos seus direitos pouco monitorada pelos órgãos públicos ou midiáticos”, afirma o relatório Além da Floresta. Ele cobre 2023 e 2024, com dados obtidos das secretarias estaduais de segurança, via Lei de Acesso à Informação.

“Não é possível não termos ainda, nessas alturas do campeonato de destruição ambiental no Brasil, estatísticas oficiais rigorosas”, destaca a cientista social Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios.

Como está Belém no mapa?

Pesquisadores observaram crescimento de 127% nos crimes de incêndio em lavouras, pastagem, mata ou florestas no Pará – junto com o Maranhão, os estados lideram os registros de exploração ilegal e concentram quase metade dos crimes ambientais noticiados.

Sobre Belém, sede da COP 30 em novembro, o relatório afirma que a urbanização desordenada atinge comunidades tradicionais e “espaços verdes são substituídos pelo asfalto”. Os crimes ambientais são pouco noticiados porque, justamente nas regiões onde eles mais ocorrem, não existem veículos de imprensa.

São os chamados “desertos de notícias”. Dados da sexta edição do Atlas da Notícia indicam que ao menos 13% da população brasileira ainda vive em cidades sem cobertura jornalística, concentradas majoritariamente nas regiões Norte e Nordeste.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo