Moraes autoriza acareação entre Mauro Cid e Braga Netto
Encontro entre os réus ocorrerá em 24 de junho, a partir das 10h no Supremo Tribunal Federal

O ministro do STF Alexandre de Moraes autorizou a realização de uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto na ação penal que apura a tentativa de golpe no país. Esse encontro entre os dois será realizado em 24 de junho, às 10h.
Além disso, Moraes também autorizou o confronto entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Marco Antônio Freire Gomes às 11h, do mesmo dia 24 de junho.
“Esse diálogo equitativo entre o indivíduo e o Estado pressupõe absoluto respeito à dignidade da pessoa, a possibilidade de acesso à defesa técnica, com a participação do advogado em seu interrogatório, principalmente a ausência de qualquer tipo de coação ou indução nas declarações do investigado, por parte do comportamento de autoridades públicas”, disse Moraes.
O caráter voluntário de suas manifestações na ótica de um diálogo equitativo entre o indivíduo e o Estado permite ao acusado exercer livre e discricionariamente o privilégio contra a autoincriminação, podendo, inclusive, optar pelas previsões legais que autorizem benefícios à sua confissão voluntária ou adesão às hipóteses de colaborações premiadas e outras hipóteses de auxílio à Justiça. São suas opções e de sua defesa técnica. Será o investigado quem escolherá livremente o “direito de auxiliar no momento adequado”, complementou Moraes.
Mauro Cid no STF
Mauro Cid prestoudepoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sobre a trama golpista. No depoimento, ele afirmou que Jair Bolsonaro não somente recebeu a chamada minuta do golpe como também confirmou que fez alterações no texto.
“O presidente recebeu e leu [a minuta do golpe]. Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Alexandre de Moraes] ficaria como preso. O resto, não”, disse Cid.
“Em termos de data, não me lembro bem. Foram duas, no máximo três reuniões em que esse documento foi apresentado ao presidente”, acrescentou.
Ele também afirmou que Bolsonaro se reuniu com o hacker Walter Delgatti Neto para discutir a possibilidade de as urnas eletrônicas serem fraudadas nas eleições de 2022.
Segundo Cid, quem marcou o encontro entre o hacker e o então presidente foi a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP).
A reunião ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília, antes do pleito daquele ano. “Foi na hora do café da manhã, se não estou enganado. Eu cheguei depois. Eles chegaram bem cedo. O hacker estava levantando as hipóteses de como poderia ter sido feita a fraude e como se poderia descobrir essa fraude. E aí, no final da reunião, o presidente pediu para o general Paulo Sérgio receber esse hacker com a Carla Zambelli”, declarou Cid.