Olhares atentos e vozes ativas marcam o início do projeto “Mais que Palavras” na escola estadual Nancy Nina
Projeto educacional mobiliza estudantes para refletir, dialogar e atuar na prevenção da violência doméstica

Com perguntas curiosas, escuta ativa e olhares atentos, os estudantes da Escola Estadual Professora Nancy Nina Costa, no Zerão, protagonizaram o primeiro dia do projeto Mais que Palavras: Atuando contra a Violência Doméstica e Familiar, uma iniciativa conjunta da Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) e do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP).
O projeto visa conscientizar adolescentes a partir dos 14 anos sobre a gravidade da violência doméstica e familiar, promovendo o diálogo como ferramenta de prevenção e empoderamento. A ação envolve cinco escolas estaduais e culminará com a produção de vídeos criados pelos próprios alunos. Os melhores trabalhos serão premiados com Chromebooks.

A defensora pública Marcela Fardim, do Núcleo de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher da DPE-AP, e a juíza Marcella Smith, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, conduziram a palestra de abertura.
Elas explicaram os tipos de violência doméstica e familiar, como ela é tratada no sistema de justiça, a importância das medidas protetivas, o papel da Defensoria e do Judiciário no acolhimento das vítimas e como buscar ajuda para romper o ciclo da violência.
“Muitas pessoas nem sabem que estão vivendo uma situação de violência, porque cresceram em ambientes onde isso era tratado como algo normal. Com os vídeos que vocês vão produzir, mais gente vai entender o que é violência doméstica e como buscar ajuda”, disse Fardim.
A juíza Marcella Smith reforçou que os comportamentos aprendidos na infância moldam atitudes futuras.
“Quando uma criança presencia em casa agressões entre o pai e a mãe, seja por meio de ofensas ou violência física, o que ela tende a fazer? O menino, muitas vezes, reproduz essas atitudes agressivas na própria família. Já a menina pode acabar aceitando esse tipo de violência como algo normal em seus relacionamentos”, explicou a magistrada.
O estudante Cauê Every Almeida, de 14 anos, do 9º ano, saiu da palestra com uma nova perspectiva sobre a violência doméstica e como pedir ajuda. “Se uma colega passar por isso, posso orientá-la a procurar a Defensoria”, afirmou.

A estudante Aldalene Almeida de Moura, de 33 anos, do 1º ano do Ensino Médio, também destacou a relevância do tema ao relatar que já conheceu mulheres vítimas de violência. “Elas não tinham forças para sair. É importante que saibam que não estão sozinhas”, refletiu.
Além da discussão sobre violência doméstica, os estudantes participaram da palestra “Produção de vídeos para internet”, com a jornalista Camila Ramos, da equipe de Comunicação da DPE-AP. Ela explicou desde a criação de roteiros até técnicas de filmagem e uso da emoção para transmitir mensagens poderosas.
“Fazer um vídeo não é só um ato criativo, é um ato político. É colocar sua visão no mundo. Estamos dando ferramentas e técnicas para que esses jovens façam a diferença com uma ideia na cabeça e um celular na mão. Estamos ansiosos para ver os vídeos que serão produzidos”, contou Camila.
A professora de Língua Portuguesa, Glayane Maciel, destacou que a temática é muito relevante diante dos altos índices de violência registrados na comunidade.
“Já tivemos casos de adolescentes vítimas de abuso dentro da própria família. Abordar esse tema é importante não apenas pela informação, mas também como uma forma de eles perceberem que não estão sozinhos e podem se sentir amparados”, considerou a professora.
Confira o cronograma de palestras
10/06 – Escola Professor Paulo Freire
11/06 – Escola Mário Quirino da Silva
13/06 – Escola Augusto dos Anjos
26/06 – Escola Profº Nilton Balieiro Machado