Agro deve sustentar Pib do Brasil no 1º trimestre; veja o que esperar

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) às 9 horas desta sexta-feira, 30, e deve trazer o setor agrícola como destaque na atividade econômica do país.

As previsões apontam para uma alta em torno de 1,6% e 1,7% na comparação com o trimestre anterior. Na projeção do governo, divulgado no último Boletim Macrofiscal, produzido pela Secretaria de Políticas Econômicas (SPE) do Ministério da Fazenda, a economia terá crescido 1,6% nos três primeiros meses do ano. O percentual foi revisto levemente para cima em relação ao boletim anterior, de março, que via a 1,5% a expansão.

Os cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), também apontam para um aumento de 1,6% na atividade econômica no 1º trimestre de 2025 em comparação ao último trimestre de 2024.

“O resultado do primeiro trimestre reverte a tendência declinante da economia, que se observava desde o terceiro semestre de 2024”, destaca o Monitor do PIB da FGV. O 4º trimestre de 2024 foi marcado por uma variação positiva de 0,2% em relação ao trimestre anterior.

Já o banco Daycoval vê o crescimento em 1,7% no 1º tri deste ano, e, segundo o economista do banco Antonio Ricciardi, boa parte desse crescimento é devido ao agro. “O agro deve variar 11%, tanto em relação ao último trimestre quanto ao primeiro do ano passado”.

Nas projeções, o agro figura como o principal motor da economia brasileira.

“A agropecuária, com forte crescimento de 12,2%, é o grande destaque no resultado do primeiro trimestre. Pela ótica da demanda, todos os componentes apresentaram crescimento. Destaca-se, entre eles, a exportação, que após ter registrado diversas retrações em 2024, cresceu 2,8% no primeiro trimestre, com grande influência de produtos agropecuários”, aponta o Ibre.

O percentual do Ibre é próximo do calculado pela SPE, de 12,8% de expansão do setor no período.  Na avaliação do governo, tanto no primeiro trimestre quanto para o consolidado do ano, a produção agropecuária deve puxar o PIB para cima.

Reversão no agro

A expectativa pelo desempenho do agro no primeiro trimestre contrasta com o resultado do setor no PIB consolidado de 2024. O resultado foi um crescimento de 3,4% no ano passado, sustentado por Serviços (3,7%) e Indústria (3,3%), uma vez que o agro teve queda de 3,2%.

Indústria e Serviços

O Ibre-FGV também aponta para um crescimento disseminado. Apesar do destaque no agro, o setor de Serviços deve ter desempenho positivo também. Para o Daycoval, a indústria deve crescer em torno de 3% e serviços 2%, “mostrando resiliência”, diz o banco. O governo trabalha com expectativa de que o crescimento seja de 2,7% no setor industrial e de 2,4% em Serviços.

Prévia do PIB

O IBC-Br, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, considerado a “prévia do PIB”, divulgado no começo da semana passada, mostrou um crescimento de 1,3%. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 3,5%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um ganho de 4,2%.

O destaque no primeiro trimestre foi o IBC-Br da agropecuária, com crescimento de 6,1% sobre os três meses anteriores, em dado dessazonalisado. Na mesma base de comparação, o índice da indústria teve expansão de 1,6%, enquanto o de serviços cresceu 0,7%. O IBC-Br excluindo agropecuária apresentou alta de 1,0%.

Resultado esperado para 2025

Analistas esperam uma desaceleração do crescimento econômico ao longo deste ano, em meio a uma taxa de juros elevada e inflação persistente, o que afeta o consumo. No entanto, a força do setor agrícola deve ajudar a atividade no início do ano e sustentar o PIB. Pairam ainda as incertezas em torno da política tarifária dos Estados Unidos.

Ainda assim, e apesar dos juros em patamares elevados, tanto governo como o mercado revisaram suas expectativas para a atividade econômica em 2025. A SPE passou para 2,4% sua projeção do PIB para este ano, levemente acima dos 2,3% projetados em março. Segundo a SPE, a revisão está relacionada à maior expectativa de crescimento no primeiro trimestre e ao aumento esperado para a produção agropecuária no ano. A projeção é que o setor agro tenha expansão de 6,3% no ano, enquanto a indústria de 2,2% e de 2% para o setor de serviços.