Lula avalia troca ministerial para reaproximação com movimentos sociais
Mudança daria continuidade às alterações feitas na Esplanada desde o fim do ano passado; governo enfrenta queda na popularidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia trocar o comando da Secretaria-Geral da Presidência, ministério liderado por Márcio Macêdo desde o início deste mandato. A pasta é responsável pela articulação do governo federal com os movimentos sociais. Ele pensa em indicar algum parlamentar próximo à militância para o posto, para reaproximar a gestão da “base”, em meio ao que aliados veem como um afastamento – embora Macêdo seja uma das principais lideranças do PT em Sergipe.
Entre os cotados, estaria o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que foi da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) por mais de 10 anos e mantém estreita relação com os movimentos até hoje.
Na semana passada, Macêdo e Boulos foram com Lula, no mesmo voo, ao velório do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, em Montevidéu. A presença de ambos aumentou a especulação de uma eventual troca no comando da Secretaria-Geral. Macêdo foi o único ministro na comitiva.
Caso se concretize, a mudança pode reverter a queda de popularidade de Lula, agravada pela crise no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), num momento em que o petista já está de olho nas eleições do próximo ano.
Críticas públicas ao ministro
A troca no comando do ministério concretizaria uma jornada de reclamações de Lula a Macêdo. O presidente reivindica publicamente melhor atuação do ministro desde o primeiro ano de governo. As críticas ocorreram, ao menos, três ocasiões.
Em dezembro de 2023, no Natal dos Catadores, Lula pediu “menos discurso e mais entrega” a Macêdo e cobrou dele a organização dos pedidos do grupo. No 1º de Maio do ano passado, em meio a um evento esvaziado, o presidente chegou a dar uma “bronca” pública no ministro.
“Não pensem que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e disse ‘Márcio, esse ato está mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, reclamou, então.