Comunidade do Carmo do Maruanum discute sobre mudanças climáticas em oficina realizada pelo coletivo Utopia Negra Amapaense
Formação, realizada durante o último fim de semana, é a segunda atividade do projeto Quilombo Vivo na região; ações seguem até julho

Por Joyce Batista
No coração do distrito quilombola Carmo do Maruanum, a voz da comunidade ecoou forte em mais uma etapa do projeto Quilombo Vivo. O coletivo Utopia Negra Amapaense realizou, no sábado (12), a oficina “Nossa Comunidade: conhecendo, dialogando e agindo juntos contra as mudanças climáticas”, reunindo moradores, agricultores e professores em um importante espaço de reflexão e construção de estratégias para enfrentar os desafios impostos pela crise climática.
As mudanças climáticas representam uma ameaça crescente para comunidades quilombolas, rurais e outras populações tradicionais em todo o mundo, principalmente no contexto amazônico. Na oficina, ministrada pela cientista ambiental e membra do Utopia Negra, Larissa Cristina, os participantes tiveram um rico diálogo intergeracional, proporcionando conscientização e troca de saberes.
“Nosso objetivo foi relacionar as mudanças climáticas com o cotidiano da comunidade, porque são temas que eles já conhecem, mas não por esse nome. É importante que eles saibam o significado dos termos e entendam que eles estão passando por esse processo e que é preciso levantar dados e fazer um estudo mais elaborado com ajuda deles mesmos”, afirmou Larissa.
A formação foi a segunda atividade do projeto Quilombo Vivo na região, uma iniciativa que busca inserir a perspectiva das comunidades tradicionais e periféricas na discussão e elaboração do Plano de Adaptação Climática de Macapá. O objetivo central é garantir que este plano contemple a justiça social e ambiental, reconhecendo as vulnerabilidades específicas e os conhecimentos ancestrais dessas populações.

Durante a ação, os participantes foram apresentados a alguns termos em discussão mundo afora. Eles também foram convidados a revisitar o passado da comunidade, identificando as transformações ambientais já percebidas ao longo do tempo. Em seguida, discutiram sobre desafios atuais relacionados às mudanças climáticas e os desafios em atividades como agricultura, pecuária e vida social da região.
“É muito importante, até mesmo para as pessoas que são mais antigas, que em sua época não estudaram sobre isso, mas que já estão vendo. A oficina ajuda a ter esse esclarecimento e isso é muito bom e importante”, contou a professora Adelaide Lemos, de 61 anos.
A iniciativa do coletivo Utopia Negra Amapaense demonstra a importância de envolver as comunidades diretamente afetadas na construção de soluções para os desafios climáticos. Ao dar voz aos moradores do Carmo do Maruanum, o projeto Quilombo Vivo contribui para a mobilização e o engajamento da comunidade, que são passos fundamentais para garantir um futuro sustentável para o quilombo e para todo o estado do Amapá.

Quilombo Vivo
Financiado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), o projeto Quilombo Vivo será desenvolvido até o início de julho, buscando a participação social, principalmente o engajamento de comunidades quilombolas e de pessoas pretas no Maruanum e na capital Macapá. Através de capacitações e plenárias abertas à sociedade civil e aos tomadores de decisão, busca-se desenvolver estratégias e medidas de adaptação climática para comunidades rurais e e urbanas de Macapá.
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