Fim da guerra? Entenda as possibilidades de um acordo de paz na Ucrânia após telefonema de Trump
Com o telefonema de Trump a Vladimir Putin e a reunião esperada entre norte-americanos e russos, aumentaram as expectativas de que as negociações encerrem três anos de luta
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Donald Trump diz que quer “fechar um acordo” para “acabar com essa guerra ridícula” na Ucrânia. Com o telefonema que deu a Vladimir Putin e a reunião esperada entre norte-americanos e russos esta semana, na Arábia Saudita, aumentaram as expectativas de que as negociações encerrem três anos de luta. Mas como realmente funcionam esses diálogos? Quem está envolvido? Como seria o pacto resultante deles?
O “The New York Times” vem levantando essas questões desde o início da guerra, em 2022, quando as conversações diretas entre a Ucrânia e a Rússia não conseguiram selar um acordo de paz. Para resumir o que sabemos até o momento, segue aqui nosso guia para um possível entendimento pela paz.
Hoje, a Ucrânia tem poucas opções para reverter os ganhos recentes conquistados pelos russos no campo de batalha, ou seja, qualquer acordo provavelmente envolverá concessões difíceis, que podem ser vistas como uma recompensa de Trump à agressão do russo. Significa também que é mais que certo que a Rússia vai endurecer esse processo.
Putin, porém, pode ter incentivos próprios para aceitar um acordo – afinal, sua economia corre o risco de ver uma inflação incontrolável consequente dos imensos gastos bélicos, e seu Exército está sofrendo mais de mil baixas por dia. Sem contar que pode abrir caminho para a redução das sanções ocidentais.
As negociações serão extremamente complicadas. Muitos duvidam que Putin entrará no processo de boa-fé, enquanto a Europa e a Ucrânia temem que Trump não resista à tentação de selar um pacto com o Kremlin sem sua participação.
Por outro lado, é fato que russos e ucranianos fizeram algum progresso quando engajados em contato direto, no início de 2022. Além disso, alguns especialistas acreditam que o resultado final consiga satisfazer Putin e, ao mesmo tempo, preservar alguma forma de soberania e segurança para a Ucrânia.
Quem são os participantes?
O objetivo do governo Biden era isolar a Rússia no nível diplomático, e defendia o princípio de que quaisquer negociações sobre o destino da Ucrânia teriam de envolver representantes desse país. Em 12 de fevereiro, Trump rompeu com essa regra ao discutir a guerra exaustivamente no telefonema a Putin e afirmar que “informaria” Volodimir Zelenski sobre o teor da conversa.
Agora é a Ucrânia que parece estar isolada, uma vez que seu presidente afirmou não ter sido nem convidado para as discussões entre membros do alto escalão dos EUA e da Rússia na Arábia Saudita. Os europeus também podem ficar de fora, mesmo que o volume total de sua ajuda enviada à Ucrânia – cerca de US$ 140 bilhões – seja maior do que a contribuição norte-americana.
Trump disse que “provavelmente” se reunirá com Putin na Arábia Saudita em breve. O Catar, os Emirados Árabes Unidos e a Turquia têm servido de palco para as discussões entre russos e ucranianos em questões como troca de presos e a navegação no Mar Morto.