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Análise: Denúncia da PGR nem mata Bolsonaro, nem salva Lula

Denúncia foi protocolada horas depois de uma pesquisa apontando que hoje ele seria o único capaz de vencer Lula

Por Caio Junqueira

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro foi protocolada horas depois de uma pesquisa apontando que hoje ele seria o único capaz de vencer Lula em uma eleição presidencial. E quatro dias depois de outra pesquisa apontar que Lula vive seu pior momento no governo.  

A denúncia também foi protocolada horas antes do jantar que reuniria Lula e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), evidenciando a mais que evidente grande aliança política desta quadra da política brasileira.  

O encontro acabou adiado após a Corte avaliar que ele geraria a leitura que a sua mera organização  gerou: de que nele seria celebrado um Bolsonaro denunciado. 

A pesquisa e o jantar adiado não deixam dúvidas: um Bolsonaro alvejado por dois anos e denunciado ainda é páreo para enfrentar, do ponto de vista político, Lula e o STF.

 O motivo se deve ao fato de Bolsonaro ainda galvanizar o sentimento negativo que a maioria da população tem em relação ao governo Lula e consideráveis setores da sociedade têm – não necessariamente bolsonaristas – em relação ao próprio STF. Uma pesquisa Atlas divulgada no sábado mostrou que 50% da população não confia no governo e 47% não confia no STF.

Logo, ainda que Bolsonaro esteja inelegível e a denúncia apresentada nesta terça-feira (18) possa ao fim e ao cabo levá-lo a prisão, ela não resolverá a insatisfação da população com o governo e com o STF que serve como combustível a popularidade de Bolsonaro.

O que significa que ele não estará na urna, mas como principal voz do anti-Lula e anti-STF do país conseguirá manter sua influência no processo eleitoral.

Considerando que sua estratégia é fazer o mesmo que Lula em 2018 e registrar sua candidatura a qualquer custo, ainda que preso, há uma tendência de que um dos temas da eleição de 2026 seja justamente o julgamento de Bolsonaro. E consequentemente Lula e o STF.

O ex-presidente vai usar a campanha para fazer sua defesa política, acusar Executivo e Judiciário de perseguição política e deixar de lado os aspectos técnico-jurídicos de sua provável condenação.

De quebra, diante da certa rejeição do TSE ao seu registro de candidatura, deverá levar ainda essa mobilização para o seu vice, que se acredita ser um dos filhos, ou para um outro candidato de direita.

A 20 meses da eleição, é impossível hoje saber se o roteiro traçado dará certo.

Mas é possível concluir que a denúncia contra Bolsonaro não decreta sua morte política e que ele e seus apoiadores ainda terão muito espaço para movimentar a política brasileira. Aliás, tal qual Lula e o PT fizeram após as condenações da Lava Jato. Anuladas pelo STF.

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