As consequências de uma possível sobretaxação dos EUA no Brasil
Nova tarifa poderia reduzir a competitividade dos produtos brasileiros e trazer impactos na rentabilidade das exportações
As políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, geraram uma nova tensão no mundo, principalmente no cenário comercial. Recentemente, justificando uma possível taxação, Trump citou uma lista de países que, segundo ele, querem prejudicar os EUA, como o Brasil.
A sobretaxação de produtos brasileiros pelo governo norte-americano reduziria a competitividade dos itens no exterior, podendo trazer impactos na rentabilidade das exportações, além de afetar o câmbio e a balança comercial.
Não é a primeira vez que Trump ameaça taxar o Brasil. Em dezembro, o então presidente eleito criticou a ideia dos Brics – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – de criar uma moeda comercial única. Na época, ele chegou a afirmar que as nações que seguissem com a ideia seriam taxadas em 100% ao exportarem produtos aos Estados Unidos.
Para os analistas, as ameaças de taxação são usadas como ferramenta de pressão para tentar forçar um comportamento específico. Frizzera entende que esse tipo de postura cria um risco para as relações entre os países envolvidos, pois gera um ciclo de retaliações que prejudica a confiança mútua.
Via de mão dupla
Em resposta às ameaças do republicano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil atuará com “reciprocidade” em um eventual aumento tarifário dos Estados Unidos para com o Brasil.
“É muito simples. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos dos brasileiros. Taxar os produtos que são exportados para os EUA, não tem nenhuma dificuldade”, afirmou.
Além das ameaças tarifárias, Trump disse que o Brasil e outros países da América Latina precisam mais dos EUA do que o contrário. “[Acho que a relação] é excelente. Eles precisam de nós muito mais do que nós precisamos deles. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós”, afirmou Trump ao assumir a Presidência dos EUA.
Para o Brasil, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre os principais parceiros comerciais. Em 2024, por exemplo, os americanos exportaram e importaram o equivalente a US$ 40,3 bilhões e US$ 40,5 bilhões, respectivamente.
No caso dos EUA, o México, Canadá e China são os principais parceiros comerciais do país. Entretanto, o Brasil ainda se destaca no ranking das 15 maiores nações que mais fazem acordo com os americanos, principalmente no quesito das exportações.