O que o Congresso espera dos favoritos: “prudência” de Motta e Alcolumbre “expansivo”
Em frente ampla que vai do PL ao PT, Câmara e Senado têm nomes consolidados para votação
Um ano com poucas surpresas e posição marcada entre parlamentares é a aposta do Congresso Nacional para 2025. Com a troca de comando na Câmara e no Senado, os futuros nomes a ocuparem as presidências – Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado, e Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara -, são tidos como certos, apesar de terem estilos diferentes. Ambos, no entanto, traçaram estratégias parecidas para se consolidarem: a junção de apoios que vão desde a esquerda à direita.
Favorito para assumir o comando do Senado e do Congresso, Alcolumbre busca o segundo mandato frente à Casa e conta com o endosso de praticamente todos os senadores: ele teria ao menos 79 votos, se somados os partidos que já anunciaram apoio ao parlamentar.
A votação pode ter mudanças, dada a possibilidade de traições e a intenção de outros senadores em também participar da disputa, a exemplo de Soraya Thronicke (Podemos-MS), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Marcos Do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE).
Alcolumbre precisa de ao menos 41 votos para vencer a eleição, prevista para o próximo 1º de fevereiro.
Entre os senadores, a expectativa é de que o político tenha uma relação mais próxima aos congressistas e grande influência sobre a pauta da Casa. Na Mesa Diretora do Senado, Alcolumbre deve juntar o PL, de Jair Bolsonaro, na primeira vice-presidência, e o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na segunda.
Relator do Orçamento de 2025, o senador Angelo Coronel (PSD-BA), por exemplo, avalia que o amapaense tem uma postura “expansiva” se comparada ao atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), considerado por ele como “mais recatado”.
Um dos caciques do MDB, o senador Renan Calheiros (AL) destacou que Alcolumbre assumiu uma série de compromissos com a bancada, a exemplo da defesa da democracia, transparência, rastreabilidade e equidade na elaboração da Lei Orçamentária. Ele ainda endossou que o perfil de Pacheco e Alcolumbre são “completamente diferentes, mas bastante aliados”.
Os apoios de Alcolumbre
Alcolumbre soma apoios tanto da base governista quanto da oposição. Em novembro do ano passado, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a condução de Alcolumbre possibilitou aprovações importantes dentro do Legislativo.
A oposição também aposta em Alcolumbre para conseguir pautar projetos relacionados à segurança pública e à anistia aos condenados pelos atos do 8 de Janeiro.
E as dificuldades
Alcolumbre, contudo, é tido nos bastidores como um presidente que o governo pode ter mais dificuldades para negociar, diferentemente de Pacheco, considerado um parceiro. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) declarou que, apesar disso, a legenda tem “bom espaço para diálogo”.
Presidente da Bancada Evangélica do Senado, Carlos Viana (Podemos-MG) disse esperar que a eventual presidência do amapaense dê “espaço” e “reconhecimento” ao bloco.
Na Câmara: Hugo Motta
Na Câmara dos Deputados, a expectativa se volta para o líder do Republicanos, Hugo Motta. Com o apoio de 18 partidos e do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), Motta pode repetir ou até mesmo ultrapassar a votação histórica do alagoano, que conquistou 464 votos em 2023.
Considerando os partidos que confirmaram apoio ao paraibano, ele teria 495 votos. Motta deve concorrer com o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que também quer se candidatar à Presidência da Câmara.
Líder da oposição em 2025, o deputado Luciano Zucco (PL-RS) disse esperar que, na gestão de Motta, o espaço às pautas do bloco seja “respeitado dentro do plenário e nas respectivas comissões”. O parlamentar gaúcho ainda destacou a expectativa para que Motta “defenda as prerrogativas parlamentares”, algo que, na visão oposicionista, Lira fez.
Apesar de ter sido considerada uma “moeda de troca” para o apoio do PL a Motta, o paraibano não se comprometeu publicamente com a proposta. Ele defendeu uma análise “cautelosa” sobre o tema e destacou que a questão deve ser tratada de forma responsável e independente do processo eleitoral interno da Casa.