PF abre 126 inquéritos por dia em 2024 e amplia investigações sobre crimes ambientais
Até o final de dezembro, foram registrados 44.392 procedimentos, incluindo 5.250 voltados para crimes ambientais, aumento de 12% em relação a 2023
A Polícia Federal (PF) manteve um ritmo acelerado de investigações em 2024, com uma média de 126 inquéritos abertos por dia. Até o final de dezembro foram registrados 44.392 procedimentos, incluindo 5.250 voltados para crimes ambientais.
Este aumento, de 12% em relação a 2023 e de 30% em comparação a 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, reflete a intensificação das apurações sobre as queimadas no Brasil, especialmente nos estados da Amazônia, Pará, Acre e Rondônia.
Os dados também abrangem crimes relacionados ao patrimônio histórico e cultural e aos povos originários.
Em outubro, o periódico revelou que fazendeiros e empresários foram apontados como responsáveis pelos megaincêndios na Amazônia e no Pantanal.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) impôs R$ 451 milhões em multas a 138 alvos, com destaque para a destruição de vegetação nativa sem autorização. O governo, por sua vez, enviou ao Congresso um projeto de lei para endurecer as punições aos infratores, embora o texto ainda aguarde votação.
O número de inquéritos sobre crimes ambientais representa uma parcela significativa das investigações da PF, com crescimento contínuo desde 2019, ano de início do governo Bolsonaro. Contudo, segundo a reportagem, a análise dos dados revela uma redução de 18% no total de investigações em comparação com aquele ano.
Para o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a diminuição não significa menor produtividade, mas sim um aumento da eficiência da corporação.
“Reduzimos a área de desmatamento e apreendemos mais drogas, o que mostra que os resultados melhoraram, mesmo com um número menor de inquéritos”, afirmou.
Além dos crimes ambientais, a PF também concluiu investigações de relevância política, como a apuração de uma tentativa de golpe de Estado que visava manter o ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas urnas.
A operação resultou no indiciamento de 40 pessoas, incluindo Bolsonaro e o general e ex-ministro Walter Braga Netto. Em outubro, o general foi preso por tentativa de obstrução das investigações, com foco na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.