Com recorde de queimadas e seca em 2024, o que esperar para 2025?
Seca será mais frequente e intensa no próximo ano. Governo prevê novas estratégias de combate aos focos de incêndio em 2025
O ano de 2024 registrou a seca de maior extensão e intensidade no Brasil dos últimos 70 anos, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Segundo os mesmo dados, as secas têm se tornando mais frequentes, com tendência de se tornarem ainda mais intensas no próximo ano.
“As secas são fenômenos naturais, que estão ocorrendo de maneira mais intensa devido as mudanças climáticas”, explica Gabriel Berton Kohlmann, coordenador de projetos de uma empresa de consultoria socioambiental. “Já as queimadas são eventos, em sua maioria, causada por ação humana e ‘pioradas’ pela situação de secas”, completa.
Em novembro de 2024, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão do Ministério da Defesa divulgou um prognóstico climático para 2025.
O meteorologista e analista em ciência e tecnologia do órgão, Doutor Luiz Alves, afirmou que há tendência de temperaturas mais altas do que o normal nas regiões onde há previsão de chuvas abaixo da média para os próximos meses: noroeste do Pará, no norte do Maranhão e no sudeste do Mato Grosso.
Na faixa oeste do Amazonas e no norte de Roraima estão previstas chuvas acima da média climatológica, pelo menos até fevereiro de 2025.
Queimadas
Entre 12 de dezembro de 2023 e 12 de dezembro de 2024, o Brasil registou 278.235 focos de queimada. Cerca de 50% deles ocorreram na Amazônia, 29,4% ocorreram no Cerrado e 7,7% na Mata Atlântica. Entre os estados, Pará, Mato Grosso e Amazonas lideram o ranking de focos de incêndio por estado.
A semana entre 2 de setembro e 8 de setembro foi a com mais focos de queimadas em todo o ano – a semana registrou 10% de todas a queimadas entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024. Os incêndios florestais nas datas chegou a causar uma cortina de fumaça e poluição em quase todo país e 60% de todo o território nacional ficou coberto por fumaça. São Paulo era a metrópole com a pior qualidade de ar no mundo na semana seguinte.
O monitoramento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro aponta que uma parte muito pequena dos incêndios florestais que se proliferam pelo país é iniciada por causas naturais. “De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana”, disse a coordenadora do laboratório, Renata Libonati, à EBC.