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Síria: fim do regime Assad muda geopolítica no Oriente Médio? Entenda

Rebeldes tomaram o poder da Síria e tiraram ditador Bashar al-Assad, após mais de 24 anos. A dinastia se perpetuava há mais de 50 anos

A tomada da capital da Síria por rebeldes pôs fim ao regime que estava há mais de cinco décadas no poder. Na iminência de uma perda de controle, o ditador Bashar al-Assad fugiu para a Rússia e deixou o país nas mãos dos dissidentes. Com o fim súbito da dinastia Assad, espera-se um redesenho na política interna, além do reposicionamento na geopolítica do Oriente Médio.

Rebeldes da Hayat Tahrir Al-Sham (Organização pela Libertação do Levante, em português), chegaram a Damasco na madrugada de domingo, (08), – horário local. O grupo, embora tenha findado a ditadura sanguinária dos Assad, é visto com receio pela comunidade internacional, já que tem raízes na Al-Qaeda e é classificado, pelos Estados Unidos (EUA), como um grupo terrorista.

O início da crise que levou à ruína da ditadura Assad nesse domingo remonta a 27 de novembro deste ano, data em que rebeldes iniciaram uma ofensiva no país. Sob o comando do Hayat Tahrir Al-Sham, grupos rebeldes capturaram vastas porções do território sírio antes dominadas por forças ligadas a Assad.Play Video

Os rebeldes romperam a relativa calmaria na guerra civil da Síria ao lançar um ataque-surpresa na segunda maior cidade do país, quando Aleppo, no norte da Síria, foi o primeiro alvo dessa incursão. Os rebeldes avançaram em direção à capital Damasco, conquistando Hama e Homs sem enfrentar grande resistência.

Eles então chegaram a Damasco e, horas depois, os radicais islâmicos anunciaram a queda do presidente sírio, que estava no poder há 24 anos. A ofensiva, que durou apenas 12 dias, forçou Assad a renunciar ao cargo de presidente e buscar asilo na Rússia.

Robinson Farinazzo, especialista em geopolítica, considera que a tomada de poder pelos rebeldes tem potencial para mudar a dinâmica na geopolítica do Oriente Médio. “A Síria tinha um papel fundamental, ela servia de eixo de abastecimento para o Hesbollah no Líbano […] e servia também de base para a Rússia, que tinha bases aéreas e navais ali”, disse em entrevista de vídeo.

O especialista faz um paralelo do que ocorreu com Saddam Hussein, no Iraque, e Muammar Gaddafi, na Líbia. “[A Síria] deve ter o mesmo destino desses países, ou seja, deve ficar em uma situação de bastante instabilidade, se não se fragmentar”, descreve.

“Quando você tem um país muito fragmentado em termos de visão de sociedade, você fica bastante sujeito à influência externa. Então, ali vão influir turcos, sauditas, americanos, israelenses. Talvez continuem a influir iranianos, e a Rússia a gente não sabe como vai se comportar”, ressaltou.

Repercussão

As movimentações que mudaram a política interna da Síria já repercutem no cenário internacional. Após o colapso da ditadura de Assad, Benjamin Netanyahu realizou um discurso nas Colinas de Golã em tom de vitória.

O premiê israelense afirmou que Israel ajudou na derrubada do regime, após lutar e enfraquecer aliados importantes de Assad na região. “Este colapso é o resultado direto da nossa ação enérgica contra o Hezbollah e o Irã, principais apoiantes de Assad. Isso desencadeou uma reação em cadeia de todos aqueles que querem ser libertados deste regime opressivo e tirânico”, declarou Netanyahu.

Israel, assim, vê a queda de Assad como uma vitória política e militar para si. Vale lembrar que, com o consentimento do ex-presidente sírio, o território da Síria era utilizado como base de grupos próximos ao Irã, de onde realizavam ataques contra Israel.

O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, comemorou a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria. O democrata comemorou o feito, alegando que o governo do ex-presidente “brutalizou, torturou e matou centenas de milhares de sírios”, mas alertou sobre os riscos e incertezas do futuro.

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