Crimes contra a humanidade, cerco e tensão marcam governo Maduro 4 meses após eleições
Nos últimos dias, opositores ao regime de Nicolás Maduro têm denunciado ‘cerco’ promovido pelo ditador na Venezuela
Prisões arbitrárias, tortura e violência sexual estão entre os crimes supostamente cometidos pelo regime de Nicolás Maduro, segundo relatório elaborado pela Missão Internacional Independente da Organização das Nações Unidas de Apuração de Fatos sobre a Venezuela.
A avaliação sobre a conduta do ditador e seus aliados antes e depois da contestada eleição de 28 de julho indica o propósito de crimes contra a humanidade.
O relatório da ONU indica que, antes do pleito, ao menos 48 pessoas, entre civis e militares, acabaram detidas por supostas conspirações contra Maduro. A missão investigou casos de tortura, que ocorreram quando os presos estavam sob custódia das forças de segurança.
Depois da eleição, 158 crianças teriam sido detidas, e, segundo o documento, a conclusão é de violações aos direitos humanos.
“O documento também analisa vários casos de violação sexual e de gênero, que foram documentos e investigados pela missão. Esse tipo de ato, que aumentou com prisões em massa no contexto eleitoral, incluindo toque, nudez forçada, buscas invasivas, sexo coercitivo e negação de direitos sexuais e reprodutivos, entre outros”, detalha a missão.
A Venezuela de Maduro cometeu “graves violações dos direitos humanos” em uma “linha de conduta caracterizada como crimes contra a humanidade”, segundo o documento. Os crimes, de acordo com o relatório do grupo da ONU, foram cometidos com “intenção discriminatória e constituem perseguição por motivos políticos, com base na identidade das vítimas”.
A missão da ONU desembarcou em Caracas para acompanhar a situação do país entre 1º de setembro de 2023 e 31 de agosto de 2024.
O período coberto pela investigação foi caracterizado por atos de repressão às vésperas da eleição, protestos após o anúncio feito pelo Conselho Nacional Eleitoral da vitória de Maduro e a resposta dos grupos civis armados e forças de segurança pró-regime.
No documento, a organização fala em aumento “profundamente preocupante” nas violações dos direitos humanos.