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Aposta do Brasil em aproximação com China pode gerar tensão diplomática com EUA

Presidentes Lula e Xi Jinping se reúnem no Palácio da Alvorada, em Brasília; expectativa é o reforço de acordos bilaterais

Em busca de ampliar a parceria com os chineses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta quarta-feira (20) com o presidente da China, Xi Jinping, no Palácio da Alvorada, em Brasília. A expectativa é que os países discutam políticas e programas de investimento e desenvolvimento em setores como tecnologia, infraestrutura e agronegócio.

Com o maior engajamento entre os governos, especialistas entendem que essa aproximação poderia gerar tensão nas relações com nações mais ricas, como Estados Unidos.

A discussão dos acordos com a China ocorre semanas depois da vitória de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que prometeu uma agenda protecionista. Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil.

De janeiro a outubro de 2024, a parceria entre os países gerou US$ 136,3 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 83,4 bilhões, e as importações, US$ 52,9 bilhões, um superávit de US$ 30,4 bilhões.

Para o analista em comércio internacional Leandro Barcelos, historicamente o Brasil busca uma política externa equilibrada, mantendo relações amistosas com diversas potências mundiais, e vai precisar manter essa posição com China, Estados Unidos e União Europeia, que são seus principais parceiros comerciais.

“No cenário internacional, essa relação reforça o papel do Brasil como um dos principais fornecedores de recursos naturais para a China, destacando sua importância no comércio global e na geopolítica. Com a volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, a expectativa é que medidas protecionistas sejam tomadas, o que pode ter impacto positivo na relação Brasil-China, pois o Brasil ocupará o espaço comercial deixado pelos Estados Unidos”, comentou.

Em complemento, o especialista em direito internacional Fernando Canutto explica que a aproximação do Brasil com a China pode gerar preocupações “especialmente em contextos de rivalidades geopolíticas e disputas comerciais”.

“A intensificação das relações comerciais entre o Brasil e a China reforça a importância dos países emergentes na economia global. É possível que o país precise equilibrar suas relações para evitar tensões, mas também pode servir como ponte entre diferentes blocos econômicos, promovendo diálogo e cooperação internacional”, disse Canutto.

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