Rastreabilidade da carne: Brasil busca transparência para proteger Amazônia e manter mercado externo
Com novas exigências internacionais, país corre para aprimorar monitoramento da cadeia produtiva e evitar impactos no comércio
Hoje, rastrear a origem da carne que consumimos virou prioridade – tanto aqui no Brasil quanto lá fora. A recente operação do Ibama, que multou frigoríficos envolvidos com irregularidades na Amazônia, escancarou a necessidade de garantir que o gado não venha de áreas de desmatamento ilegal.
Mas como anda a rastreabilidade da carne no Brasil, e o que isso significa para o mercado? É basicamente um “RG” do gado: um sistema que mostra onde o animal nasceu, foi criado e abatido, garantindo que ele não esteve em áreas protegidas ou de desmatamento.
Para o mercado, isso é essencial, pois cada vez mais consumidores e países importadores exigem essa transparência. Sem rastreabilidade, o Brasil corre o risco de perder espaço no mercado global.
Aqui, algumas grandes empresas já estão investindo pesado para garantir essa rastreabilidade e implantaram tecnologias de monitoramento, incluindo blockchain, que torna os dados mais seguros e confiáveis.
O sistema ajuda a acompanhar a trajetória do gado e evita o chamado “desmatamento indireto”, onde o gado é criado em área regular, mas alimentado com recursos de áreas desmatadas ilegalmente.
Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), essa prática é um dos principais desafios para a pecuária sustentável. E essa demanda não é exclusiva do Brasil. Países como os Estados Unidos e Austrália já avançaram em rastreabilidade.
A Austrália, por exemplo, usa um sistema nacional chamado NLIS, que registra eletronicamente cada animal, o que facilita a exportação para mercados exigentes como a Europa e a Ásia.
Essa rastreabilidade é um diferencial de mercado e ajuda a Austrália a vender sua carne a preços mais altos, reforçando a confiança de consumidores e países importadores.
A falta de um sistema assim pode prejudicar o Brasil no comércio exterior, especialmente quando falamos da União Europeia, que recentemente aprovou regras mais duras para a importação de produtos ligados ao desmatamento. Ou seja, sem rastreabilidade, o Brasil corre o risco de ter suas exportações bloqueadas ou, no mínimo, enfrentar sérias restrições.
A boa notícia é que estamos avançando, ainda que lentamente. O desenvolvimento de uma rastreabilidade robusta coloca o Brasil numa posição de destaque, atraindo mais consumidores que querem uma carne “limpa”, sem ligação com desmatamento.
Esse movimento pode até ajudar a melhorar a imagem do país lá fora, mostrando que estamos comprometidos com a preservação da Amazônia e com a sustentabilidade.