Contador é alvo da Polícia Civil por criar 18 empresas para aplicar “golpes do zap”
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão à Fraude Eletrônica (DRFE) indiciou um contador de 52 anos, acusado de orquestrar um esquema fraudulento envolvendo a criação de 18 empresas “de fachada”.
Segundo o delegado Nícolas Bastos, essas empresas, que não tinham atuação no mercado real, foram utilizadas para abrir centenas de contas bancárias e movimentar ao menos R$ 2,5 milhões de reais originados de fraudes usando o aplicativo WhatsApp.
O esquema consistia em abordagens a pessoas que possuíam empréstimos com bancos, simulando representar bancos concorrentes e oferecendo propostas vantajosas para que a vítima migrasse o seu empréstimo para o banco que ele dizia representar, tais como prestações menores e recebimento de dinheiro.
Conseguindo fisgar a vítima, o grupo orientava um “passo a passo” para que a vítima procedesse em seu aplicativo ou caixa eletrônico. Assim, sem perceber, a vítima contraía novos empréstimos e os transferia para as empresas de fachada.
Provas e Investigação
Conforme dados fornecidos pela Junta Comercial do Estado de São Paulo, todas as empresas declararam estar sediadas no mesmo endereço, um bairro residencial na cidade de Guarulhos.
Após diligências no local ficou constatado que era notório que se tratava de uma residência, e nenhum estabelecimento operava no local. Além disso, a maioria continha a assinatura do contador, por meio de certificado digital, como responsável técnico.
Ademais, analisando dados da Receita Federal do Brasil, verificou-se que essas pessoas jurídicas sempre tinham por único sócio pessoas entre 18 e 23 anos, além de nenhum funcionário registrado.
Outro elemento crucial da investigação foi a análise de relatórios de inteligência financeira, produzidos pelo COAF desde 2022.
Esses relatórios foram essenciais para identificar o padrão de movimentação financeira atípica, com quantias vultuosas, sem nenhuma explicação, ou comprovadamente oriundo de fraudes eletrônicas, além da utilização de contas de passagem, características de operações de lavagem de dinheiro.
Outro ponto curioso da investigação foi que, no momento da intimação via WhatsApp de um dos investigados, foi flagrada em sua foto de perfil a mesma logomarca de um determinando banco usada para enganar as vítimas, demonstrando que o suspeito estava fazendo outras vítimas no momento da intimação
Sofisticação do Esquema
O esquema demonstrou um alto nível de sofisticação, incluindo o uso indevido de dados bancários vazados.
As declarações das vítimas, e as conversas de WhatsApp obtidas pela investigação, mostram que os criminosos possuíam conhecimento aprofundado dos dados bancários da vítima, tais como a existência de empréstimos prévios e extrato.
Além disso, conseguiam aumentar os limites de operação das vítimas para permitir que uma pessoa de classe média efetuasse o pagamento de dois boletos bancários de R$ 90 e 40 mil reais no mesmo dia.
Entretanto, os limites das vítimas para tais pagamentos sempre foram uma fração destas quantias.