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Boeing terá de pagar US$ 150 mi à Embraer por fim de fusão

Com seu cancelamento unilateral pelos americanos, a Embraer buscou reparações devido ao investimento feito

A Corte Arbitral de Nova York decidiu que a Boeing terá de pagar US$ 150 milhões (R$ 833 milhões no câmbio de hoje) para a Embraer pelo rompimento do processo de aquisição da linha de aviação comercial da empresa brasileira.

A fabricante paulista publicou um fato relevante sobre o tema na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nesta segunda (16). A decisão acaba com mais de quatro anos de disputa entre as empresas aeroespaciais, que deixou diversas mágoas de lado a lado.

Quando o negócio foi anunciado, no final de 2017, estava avaliado em US$ 4,2 bilhões, ou US$ 5,2 bilhões (R$ 29 bilhões) em valores atuais. Em um ano, as negociações estavam concluídas.

This photo taken May 29, 2013 shows a line of Boeing 787 jets sitting on the floor nearing completion at the company’s production plant in Everett, Wash. Federal aviation officials say Boeing’s design and manufacture of its cutting-edge 787 jetliner is safe despite the many plane’s many problems since its rollout. A report issued jointly by the Federal Aviation Administration and Boeing on Wednesday says the plane was soundly designed, and that the government had effective processes in place to identify and correct issues that emerged before and after certification. The report makes seven recommendations for further improvements by Boeing and FAA. (AP Photo/Elaine Thompson)

Com seu cancelamento unilateral pelos americanos, a Embraer buscou reparações devido ao investimento feito para destrinchar a empresa: 80% dela ficaria com a Boeing, e 20% seria mantido sob controle brasileiro, com as divisões de defesa e aviação executiva.

A mais recente estimativa da Embraer ao mercado colocava em R$ 980 milhões o prejuízo pelos valores empregados nesse processo. Como o processo arbitral em Nova York, fórum usual para esse tipo de disputa internacional, é sigiloso, não se sabe se os brasileiros pediram algum valor específico.

Não havia, na visão americana, nenhum rompimento de cláusula que implicasse multa. A única penalidade citada nesse caso era se o processo não recebesse todas as autorizações regulatórias de autoridades antitruste do mundo.

Nessa hipótese, a multa seria de US$ 100 milhões. Mas a fusão não chegou a esse ponto: faltava apenas a autorização do órgão regulador da União Europeia quando a Boeing desistiu da aquisição.

O caso gerou enorme animosidade entre as empresas. A Boeing acusou a Embraer à época de não cumprir com todos os requisitos da fusão, argumento que a decisão de Nova York desqualifica na prática, ainda que não se saiba os termos da sentença.

Já a fabricante brasileira dizia que os então parceiros cancelaram de forma intempestiva o negócio porque enfrentavam grandes dificuldades com a crise em torno de seu principal produto, o Boeing-737 MAX, que estava com a produção paralisada após acidentes decorrentes de erros de projeto.

Ela segue sendo a maior empresa do setor do mundo ao lado da Airbus europeia. Entregou 528 aviões comerciais, ante 179 aeronaves da brasileira. Mas ficou atrás da rival do outro lado do Atlântico, que forneceu 735 aviões.

Em termos de resultado, teve um prejuízo reduzido pela metade ante 2022, R$ 12 bilhões, e fechou o ano com uma carteira de encomendas de R$ 2,9 trilhões. A Embraer teve lucro de R$ 164 milhões, e R$ 103 bilhões em encomendas.

No Brasil, um dos focos de investimento dos americanos é na área de combustíveis sustentáveis, conhecidos como SAF. A Boeing quer fazer do país, a partir de sua experiência com biodiesel e etanol, um centro mundial do produto.

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