Sobe para 11 o número de civis mortos em protestos na Venezuela contra a reeleição de Maduro
Simpatizantes da oposição questionam os resultados das eleições de domingo, que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), dá um 3º mandato a Maduro
Ao menos 11 civis morreram nos protestos que eclodiram em Caracas e em outras cidades da Venezuela contra a reeleição do presidente chavista Nicolás Maduro, informaram nesta terça-feira, 20, quatro organizações de defesa dos direitos humanos.
Protestos pelo país
Com gritos de “liberdade, liberdade!”, milhares de opositores se concentraram em Caracas e outras cidades da Venezuela para reivindicar a vitória do candidato opositor Edmundo González Urrutia, que por sua vez instou os militares e o governo de Nicolás Maduro a não reprimir o povo.
Os simpatizantes de González e da líder de oposição María Corina Machado questionam os resultados das eleições de domingo, que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, dá um terceiro mandato ao esquerdista Maduro.
Sob a liderança de María Corina Machado, a oposição afirma ter provas para comprovar sua vitória, enquanto a comunidade internacional pressiona por uma recontagem transparente dos votos.
Na concentração em Caracas, González pediu calma às Forças Armadas após a morte de 11 pessoas em protestos contra a questionada reeleição de Maduro, segundo números de quatro organizações de defesa dos direitos humanos.
O Ministério da Defesa relatou que 23 militares também sofreram ferimentos.
A Casa Branca considerou “inaceitável” a repressão aos manifestantes, que também deixou dezenas de feridos, enquanto o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu respeito às manifestações pacíficas dos opositores.
Por outro lado, os seguidores do presidente de esquerda se preparam para realizar uma grande manifestação de apoio que irá até o palácio presidencial de Miraflores.
Lealdade absoluta
As Forças Armadas, principal suporte do governo, expressaram “absoluta lealdade e apoio incondicional” a Maduro, disse o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de um golpe contra o presidente.
Perseguição
Familiares esperavam do lado de fora do comando da Guarda Nacional – um componente militar com funções de ordem pública – onde estão detidas várias mulheres desde os protestos de segunda-feira, incluindo menores de idade.
A oposição já havia reportado a prisão de cerca de 150 pessoas durante a campanha.
Manipulação aberrante
A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou nesta terça que as eleições presidenciais de domingo sofreram “a manipulação mais aberrante”, segundo comunicado do secretário-geral Luis Almagro.
Machado afirma ter cópias de 73% das atas de apuração que comprovariam a suposta fraude, projetando uma vitória de González com 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões de Maduro.
A divulgação das atas de votação também é uma exigência da comunidade internacional, que questiona a reeleição de Maduro, incluindo Colômbia, Brasil e Estados Unidos.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu nesta terça que aqueles que questionam e até denunciam uma fraude eleitoral “não metam o nariz” nos assuntos internos da Venezuela.
O governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao que considera “ações intervencionistas” desses países.
Seis colaboradores de María Corina Machado estão refugiados há seis semanas na embaixada argentina. A líder de oposição denunciou um cerco policial à sede diplomática. A Argentina afirmou que se trata de “assédio” contra sua sede diplomática.