Brasil e vizinhos se unem por “Rota Amazônica” que liga floresta a quatro portos do Pacífico
Governo crê que Rota incrementará exportações de mercadorias, como industrializados da ZFM e bens de bioeconomia, para vizinhos, além de prover saída ao Pacífico
O governo brasileiro trabalha junto a Equador, Peru e Colômbia por rotas que ligam a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, a quatro portos localizados na costa do continente virada para o Oceano Pacífico. A iniciativa está no âmbito de um plano de integração sul-americana.
Desde o ano passado o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), comandado por Simone Tebet, trabalha esta agenda dentro do governo Lula. O plano engloba ao todo cinco trechos para integrar o continente, e a chamada “Rota Amazônica” é desdobramento de um destes trajetos.
A “Rota 2” deste plano tinha como objetivo ligar Manaus, capital amazonense, a Manta, uma cidade portuária do Equador. O trajeto é multimodal: vai por meio do Rio Solimões do território brasileiro até o município equatoriano de Puerto Providencia, onde pega rodovia até o litoral.
Acontece que em visita ao Peru, em março deste ano, o governo brasileiro recebeu pedido formal do ministro dos Transportes do país vizinho, Raúl Reyes, para que os portos de Chancay e Paita fossem incluídos na rota. Mais tarde, foi a vez do ministro dos Transportes da Colômbia, William Camargo, pedir que o Porto de Tumaco fosse contemplado.
João Villaverde, secretário de Articulação Institucional, detalhou os trâmites que ampliaram os destinos da rota. “E fizemos também uma atualização de nome: a Rota 2, destas rotas de integração sul-americana, passou a ser Rota Amazônica”, disse.
A avaliação do governo brasileiro é de que a rota vai potencializar a exportação de mercadorias, como os industrializados da Zona Franca de Manaus e produtos da bioeconomia, para países vizinhos e outros que podem ser alcançados através do Pacífico. A gestão também crê que o plano deve melhorar a logística de importações.
Na perspectiva de Villaverde, um dos passos “essenciais” para o avanço do plano de integração sul-americana foi dado no último dia 5, quando o presidente Lula assinou um decreto que criou uma comissão interministerial, que reúne doze pastas, para debater o tema.
Obras essenciais
Os ministros dos países vizinhos levaram ao governo brasileiro detalhes sobre suas infraestruturas, a fim de comprovar a viabilidade da expansão da rota. Para que os trajetos se concretizem, porém, ainda são necessárias obras e intervenções logísticas.
Todas as três novas rotas (duas no Peru e uma na Colômbia) são “multimodais”, se iniciam em hidrovias e terminam em rodovias.
A principal intervenção necessária do lado peruano é a conclusão das obras no Porto de Chancay — que também é destino da Rota 3 do plano de integração sul-americana. Já na Colômbia, a obra mais relevante é a dragagem do Rio Putumayo, que liga Santo Antônio do Iça, no Brasil, a Puerto Asís, na Colômbia.
Do lado brasileiro, duas intervenções são consideradas as mais relevantes para fazer a rota sair do papel. Uma delas é a sinalização do Rio Solimões, que tem previsão de ser entregue pelo governo entre o fim de 2024 e o início de 2025.
A segunda é a instalação de aduanas nas cidades amazonenses de Tabatinga e Santo Antonio do Içá, necessárias para o trânsito de mercadorias. Para esta solução, o MPO trabalha junto à Receita Federal, e segundo o secretário, este diálogo deve ser acelerado por meio da nova comissão interministerial.