Governo resiste à desoneração da folha de pagamento, mas Congresso tem posição definida
Pressionado por parlamentares e setores da economia, governo busca alternativa à medida provisória que reonera 17 setores
O governo mantém resistência em abandonar a ideia de aumentar os encargos sociais sobre a folha de pagamento, porém, o Congresso Nacional demonstra que já tem a decisão final sobre o tema. Nesta sexta-feira (19), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que o governo federal se comprometeu a reeditar a medida provisória que reonerava a folha, e que a decisão foi tomada após uma série de negociações envolvendo a equipe econômica e a presidência da República.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no entanto, evitou dizer se a iniciativa citada por Pacheco havia sido realmente acordada.
A declaração de Pacheco ocorreu durante um evento com empresários em Zurique, na Suíça. Ele afirmou que a revogação da reoneração foi um encaminhamento já decidido pelo governo federal.
“Seria muito ruim, a essa altura, nós revogarmos esse instituto [a desoneração] num momento em que queremos manter a queda do desemprego no nosso país”, disse o presidente do Senado.
Em seguida, Haddad disse que a declaração de Pacheco foi uma recomendação, em vez de um compromisso do Poder Executivo. Segundo Haddad, Lula ainda conversará com o presidente do Senado para definir uma solução para o tema.
“O que o presidente Pacheco me falou, e eu levei à consideração do presidente Lula, é que, dos quatro temas, dois não foram tratados pelo Congresso no ano passado e poderiam ser tratados pela MP. E [os outros] dois deveriam ser trabalhados de uma outra forma, uma vez que foram tratados pelo Congresso Nacional. Levei à consideração do presidente, e o presidente falou: ‘quero me sentar com o Rodrigo Pacheco para a gente ver o melhor encaminhamento’. Isso no que diz respeito à forma”, detalhou Haddad.
O ministro reiterou ainda que a equipe econômica apoia a reoneração gradual da folha de pagamento, e que o tema deve ser discutido em uma nova rodada de reuniões com líderes partidários da Câmara e do Senado.