Incêndio destroi 9 casas e expõe inoperância de sistema de combate a incêndios em Afuá
Sinistro foi registrado no início da manhã de quarta-feira (8). Nove moradias foram completamente destruídas. Município é inoperante com sistema de combate a incêndio
Elden Carlos / Editor
A cidade de Afuá, conhecida como ‘Veneza Marajoara’, localizada na chamada mesorregião do Marajó, no estado do Pará, e que faz fronteira com o estado amapaense, voltou a presenciar na manhã de quarta-feira (8) um incêndio que destruiu pelo menos nove residências e provocou uma mobilização de centenas de voluntários.
As causas do sinistro ainda são apuradas. O município não conta com uma base do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) do Pará. O que existe é apenas uma Brigada de Incêndio Civil, mas sem equipamentos necessários para combater grandes sinistros. A solidariedade das pessoas é o que conta nessas horas.
De mãos em mãos, baldes e panelas abastecidos com água de casas próximas eram passados por verdadeiros ‘corredores humanos’ no sentido de debelar as chamas. Foram mais de duas horas para controlar o sinistro. Um sistema flutuante de combate a incêndios de uma empresa madeireira que fica na margem esquerda do rio Marajozinho foi direcionado para dar apoio na ação, mas o deslocamento é demorado.
O cenário devastador foi percebido assim que as chamas cessaram. Os moradores perderam tudo no incêndio. A área antes ocupada por casas coloridas deu lugar a um buraco vazio com tons de cinza.
Foi pelo menos o terceiro sinistro de grandes proporções registrado nos últimos meses na cidade. A cidade – que apresenta um grande potencial turístico – não tem um sistema eficiente de combate a incêndios, apesar das cobranças que são feitas há anos ao Poder Público. Não existe nenhum projeto que se tenha conhecimento nesse sentido, o que demonstra a inoperância da gestão pública em garantir a prevenção e combate imediato a situações como a registrada na quarta-feira.
Um exemplo claro da falta de um plano de combate a incêndios em Afuá é a destruição do Centro Folclórico Lagostão. No dia 24 de novembro do ano passado, o centro – tido como principal referência cultural do município – ardeu em chamas. Novamente, naquela situação, a política do ‘balde a balde’ foi o que evitou a propagação das chamas para as residências próximas.
Faltando poucos dias para completar um ano da destruição, o ‘Lagostão’ não foi reconstruído. O espaço folclórico e cultural foi construído no início dos anos 1970 pelo então prefeito da época, João Maciel, tido como um dos maiores incentivadores e visionários da cultura afuaense.