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Exploração de petróleo é segura para a vida marinha na Amazônia

É o que garante o professor doutor em Geologia e Geofísica Marinha, Alberto Figueiredo. Segundo o pesquisador, não existem recifes de corais no litoral amazônico como sustentam ambientalistas. São apenas “algas mortas”, afirma Alberto

Em meados do século XIX, o uso do petróleo como fonte de energia provocou uma mudança de paradigma para a indústria da época. Dois séculos depois, o chamado “ouro negro” continua sendo estratégico para as atividades produtivas, mas também para a soberania e a segurança dos países. Essa importância tem motivado a busca por novas reservas do recurso natural fóssil, que levaram, por exemplo, à exploração de poços em alto-mar. Hoje, os olhares estão voltados para o potencial de uma nova fronteira conhecida como Margem Equatorial.

O Brasil ainda tenta avançar no conhecimento sobre as quatro bacias sedimentares que se estendem por cerca de 2,2 mil quilômetros, desde o Estado do Amapá, na Região Norte, até o Estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste. A ideia de averiguar o verdadeiro potencial dos poços de gás e óleo consta no planejamento da Petrobras, que prevê um investimento de US$ 3 bilhões nessa região até 2027.

  • Morpho

O pontapé desse megaprojeto ocorreria na Amazônia, com a exploração do poço Morpho, localizado no bloco FZA-M-59, na bacia Foz do Amazonas, a cerca de 175 quilômetros da costa do Amapá. A área foi arrematada pela British Petroleum (BP) e a Petrobras em um leilão, em 2013, e, desde então, está no centro de intenso debate técnico, político e até científico. Uma das razões da controvérsia é a suposta existência de recifes de corais denominados como Grande Sistema Recifal do Amazonas (GARS, de acordo com a sigla em inglês), conforme artigo publicado por um grupo de mais de 30 pesquisadores na revista “Science Advances”, em 2016.

O Brasil ainda tenta avançar no conhecimento sobre as quatro bacias sedimentares que se estendem por cerca de 2,2 mil quilômetros, desde o Estado do Amapá, na Região Norte, até o Estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste. (Divulgação)

A descrição sobre o ecossistema marinho chamou atenção para a falta de conhecimento sobre esses organismos e a necessidade de sua preservação, que foram o mote de diversas campanhas de uma Organização Não Governamental (ONG) ambiental canadense. Os questionamentos sobre os riscos do empreendimento aliado à lentidão do processo de licenciamento acabaram afastando a BP do negócio, que foi assumido integralmente pela petrolífera brasileira e ainda não conta com licença de exploração, mesmo após dez anos.

  • Algas

Os estudos de impacto envolvem diversas medidas para mitigação de riscos biológicos, ambientais e sociais do poço, porém os corais ainda estão entre as principais pautas. Cientistas que defendem a existência do GARS sustentam que o habitat marinho é sensível à eventual exploração e dispersão de óleo.

Por outro lado, há pesquisadores que contestam os dados sobre as características e vulnerabilidade do GARS no contexto de uma possível atividade petrolífera na Amazônia. O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor em Geologia e Geofísica Marinha, Alberto Figueiredo, diz que os organismos seriam “algas mortas” e que não há nada de excepcional na presença deles na região.

“A maioria é muito antiga, com até 17 mil anos. No meio dessas algas você pode encontrar um ou outro indivíduo vivo, mas não é essa exuberância toda que foi colocada. Essas algas calcárias geralmente estão colocadas na borda de plataforma. Elas se estendem por todo o Caribe, foz do Amazonas e vão até o litoral do Estado de Santa Catarina (no Sul do Brasil). Então, elas estão inclusive em outras regiões onde há produção de petróleo como as bacias de Campos (no Rio de Janeiro) e de Santos (em São Paulo), onde a existência dessas algas calcárias é até maior do que no Norte brasileiro”, afirma Figueiredo.

  • Estudo

Além disso, segundo o docente que é autor de um artigo intitulado “Mitos e verdades sobre os ‘corais da Amazônia”, os seres encontrados não podem receber essa denominação, pois precisariam ter acesso à luz para serem caracterizados como corais. Outro fator importante é que não haveria uma construção de recifes, como alegado por outros cientistas.

  • Potencial da bacia Pará-Maranhão é de até 30 bilhões de barris de petróleo

O debate acadêmico é apenas um dos elementos de uma história com incertezas e expectativas. As previsões são animadoras para a área, visto que reservas petrolíferas têm sido descobertas em diferentes localidades das margens continentais que circundam o Oceano Atlântico, incluindo os países vizinhos da América do Sul e outros do Oeste da África.

Os pesquisadores estimam que apenas o potencial da bacia Pará-Maranhão seria da ordem de 20 a 30 bilhões de barris de óleo cru. Para se ter uma ideia dessa dimensão, as bacias de Campos e de Santos têm reservas comprovadas e contingentes de 40 bilhões de barris de óleo.

Os planos da Petrobras contemplam a bacia Pará-Maranhão e outras três localizadas na costa – Foz do Amazonas, Barreirinhas e Potiguar. De acordo com a empresa, 16 poços seriam perfurados nos próximos cinco anos e ajudariam a segurança e a soberania energética do país em um contexto de busca por matrizes de energia limpa.

O interesse pela Margem Equatorial não é recente, mas ficou em maior evidência com as descobertas de jazidas de óleo e gás em países vizinhos ao Brasil que também compartilham territórios sobre a área. Nos últimos oito anos, Colômbia, Trinidad e Tobago, Guiana, Suriname e Guiana Francesa já encontraram 92 reservas na Margem Equatorial. Entre eles, o principal expoente é a Guiana, com 42 descobertas de óleo e gás e uma produção estimada de 360 mil barris por dia, que fez a receita governamental bater US$ 1 bilhão no ano passado. As projeções indicam que o país deve acumular US$ 157 bilhões até 2040.

  • Reações

Em meio a esse embate, representantes do setor produtivo do Pará e Amapá – Estados diretamente relacionados com as operações do Poço Morpho – aguardam uma solução para o impasse em favor do interesse para o desenvolvimento regional.

“Como cidadãos da Amazônia, não podemos aceitar um plano que nos priva do conhecimento sobre o que estamos abrindo mão. A sociedade amazônica não pode continuar a ser tratada como secundária na tomada de decisões que afetam a própria região”, destaca o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Alex Carvalho, em nota pública divulgada após a recente liberação de exploração dos blocos BM-POT-17 e POT-M-762, na Bacia Potiguar, na costa do Rio Grande do Norte, onde a companhia mantém seu único poço ativo na Margem Equatorial.

Já o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amapá, Glauco Cei, ressalta a diligência da Petrobras em projetos em alto-mar e, por isso, não vê justificativa para as negativas que não sejam relacionadas a questões políticas ou a tentativas de favorecer segmentos econômicos de outras regiões em detrimento do Norte.

“Existe tecnologia para contenção de qualquer tipo de dano ambiental que porventura venha a acontecer. Por que toda essa preocupação só na costa do Amapá? A Petrobras tem um conceito excelente em questão de exploração com preservação de meio ambiente. Então, não se justifica isso. Nós acreditamos que esse trabalho da Petrobras vai trazer muitos benefícios para a região, para o Amapá e para o Pará”, pontua o empresário.

Informações: O Liberal

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