Piloto de helicóptero que caiu no Amapá registra momentos após a queda; veja o vídeo
Tenente-coronel Josilei Albino, piloto da aeronave que caiu próximo ao município de Pedra Branca do Amaparí, após ter decolado de uma aldeia no Parque Montanhas do Tumucumaque, diz que helicóptero sofreu uma ‘pane catastrófica’
Elden Carlos / Editor
O tenente-coronel PM Josilei Albino Gonçalves de Freitas, de 51 anos, que pilotava o helicóptero da empresa Sagres, que caiu na quarta-feira (16) em área de mata próximo ao rio Iratapuru, distante cerca de 70 quilômetros do município de Pedra Branca do Amaparí, na região sul do Amapá, e que foi localizado e resgatado no sábado (19), por uma equipe da Força Aérea Brasileira (FAB), gravou um vídeo mostrando as condições do local da queda e fazendo uma narrativa sobre a situação dele e dos outros dois ocupantes da aeronave, sendo o mecânico Gabriel Assis Serra, de 35 anos, e o engenheiro da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), José Francisco Vieira.
O vídeo foi divulgado nesta segunda-feira (21). O experiente coronel, que é especialista – dentre outros – em sobrevivência na mata, afirma que a aeronave sofreu uma pane catastrófica após a perda de rotação. Josilei descreve que precisou jogar o helicóptero contra o topo de uma árvore para amortecer o impacto em solo. Ele cortou o abastecimento de combustível para impedir uma explosão.
No vídeo, o coronel também mostra os ocupantes se preparando para pernoitar na mata no primeiro dia de desaparecimento. Todos apresentam pequenas escoriações pelo corpo, mas sorriem aliviados por sobreviverem à queda.
Acompanhe a íntegra do vídeo
- Entenda o caso
A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde (MS), emitiu nota na tarde de quinta-feira (17) confirmando oficialmente o desaparecimento de uma aeronave (helicóptero) modelo colibri, pertencente à empresa Sagre, que foi contratada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Amapá/Norte do Pará para atuar em missões na região do Parque Montanhas do Tumucumaque.
Segundo a secretaria, a bordo do helicóptero estavam o comandante Ten.Cel Josilei Gonçalves de Freitas; o mecânico Gabriel Assis e o engenheiro da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), José Francisco Vieira.
A nota afirmava que a equipe fazia a inspeção de pistas de pouso no lado leste do rio Paru D’Este, no Parque Montanhas do Tumucumaque. O helicóptero decolou por volta de meio dia de quarta-feira (16) do polo base Bona, localizado na aldeia Maritepu, no Pará. O plano de voo estabelecia que a aeronave chegaria a Macapá por volta de 14h, o que não ocorreu. Não houve a divulgação do horário do último contato do comandante Josilei com a central de operação.
A assessoria da Força Aérea Brasileira (FAB), em Brasília (DF), confirmou também naquela tarde de quinta-feira à reportagem do Equinócio Play que o registro da ocorrência foi aberto e que o Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico Amazônico (SALVAERO), unidade da FAB responsável por coordenar buscas aéreas na região, foi notificado, e que as equipes de busca e salvamento foram acionadas para sobrevoar a área.
O Grupo Tático Aéreo (GTA), do Amapá, estava com o helicóptero em manutenção e por esse motivo ficou impedido de fazer os primeiros sobrevoos na região onde supostamente a aeronave desapareceu.
- Buscas e localização
As buscas pelo helicóptero modelo colibri, da empresa Sagres, resultaram na localização da aeronave na manhã de sábado (19).
O piloto Frank Pinon, do GTA, explicou em um vídeo que os sobreviventes abriram uma clareira no meio da mata densa e fizeram uma fogueira para que as equipes aéreas de busca conseguissem encontrar o local com maior facilidade. A missão de busca e resgate foi coordenada pela Aeronáutica.
- Resgate
Os três tripulantes do helicóptero chegaram a Macapá por volta de 15h de sábado (19) após terem sido resgatados por uma equipe da Força Aérea Brasileira (FAB) que chegou ao local do sinistro em uma aeronave modelo Cougar. Eles foram retirados da mata por meio da técnica de rapel.
O helicóptero pousou no Aeroporto Internacional de Macapá. O comandante Gonçalves foi recebido com abraços pelos colegas de farda. Os tripulantes foram colocados em viaturas do Corpo de Bombeiros Militar e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e transferidos para o Hospital de Emergências de Macapá.
Um dos momentos mais emocionantes do desembarque foi o reencontro do mecânico Gabriel Assis Serra, de 35 anos, com a mãe dele, Vanessa Serra, de 54 anos, que veio de Belo Horizonte (BH) para acompanhar as buscas. Vanessa correu pela pista e abraçou fortemente o filho que já estava dentro da ambulância.
Os sobreviventes – que apresentavam sinais de debilitação em razão dos dias na mata fechada – passaram por acompanhamento médico e exames antes de serem liberados para retornar para casa. Com o resgate da tripulação, as autoridades iniciaram as investigações para saber o que provocou a queda do helicóptero.