No G7, Lula terá dificuldade em se posicionar sobre o fim da guerra na Ucrânia
Cúpula dos países mais desenvolvidos com nações convidadas ocorrerá no Japão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai utilizar a Cúpula do G7, que será realizada neste fim de semana no Japão, para colocar o Brasil de volta na agenda internacional com os países mais desenvolvidos do mundo, segundo especialistas em relações internacionais ouvidos pelo R7. Com relação à guerra entre Rússia e Ucrânia, eles avaliam que Lula terá dificuldades em implementar suas posições para o fim do conflito. O presidente embarcou nessa quarta-feira (17) e deve chegar ao país asiático na noite desta quinta (18).
Na cúpula, que vai ocorrer nos dias 19 e 21 em Hiroshima, o presidente vai tentar retomar o papel do país diante do cenário internacional, mas deverá ter pouca influência no grupo, uma vez que é convidado e não membro. Segundo fontes, essa posição impede, por exemplo, o direito ao voto nas reuniões.
A professora de direito internacional da Universidade de São Paulo (USP) Maristela Basso avalia que o Brasil vai levar adiante a proposta da formação de países-amigos para mediar o fim do conflito iniciado pelos russos, mas que o país não deve se apresentar como principal interlocutor do grupo em razões das polêmicas declarações feitas por Lula.
“Ele [Lula] já cometeu várias gafes nesse sentido, então, o Brasil já não é mais um país capaz de liderar o grupo de paz. Ele até poderá participar, mas perdeu a oportunidade de liderar. Isso se dá na medida em que perdeu a neutralidade e fez declarações desarrazoadas, fora de contexto e equivocadas”.
MARISTELA BASSO, PROFESSORA DE DIREITO INTERNACIONAL DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)
Há a previsão de duas resoluções oriundas da cúpula: uma apenas do G7 (Japão, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido) e outra envolvendo também os países convidados para o evento. Nos bastidores, a diplomacia brasileira trabalha para que o texto mais global não se torne uma medida mais enfática contra a Rússia.
Uma das solicitações brasileiras deverá ser a negociação de uma linguagem que seja compatível com a posição de todos os países envolvidos na cúpula, com neutralidade e ênfase na segurança alimentar, impactada pelo conflito localizado no leste europeu.
“A nossa visão, e isso tem sido negociado no texto, é de que esse documento deve ser sobre a segurança alimentar, uma vez que esse deve ser o tema principal a ser discutido entre os países. Nesse aspecto, são documentos bastante diferentes – o do G7 e o do G7 com os países convidados”, afirmou o secretário de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, Maurício Lyrio.