Covid-19: apenas 1 em cada 4 idosos aptos com mais de 70 anos tomou reforço com vacina bivalente
Um mês após início da aplicação do imunizante atualizado, cobertura nos grupos prioritários está abaixo de 12%
Passado um mês desde que o Ministério da Saúde começou a campanha para aplicar a vacina bivalente contra a Covid-19 em grupos mais vulneráveis ao agravamento da doença, apenas um em cada quatro idosos com mais de 70 anos elegíveis para receber o imunizante o haviam tomado até o dia 26 de março.
O critério de elegibilidade é o esquema vacinal completo, com pelo menos duas doses da vacina monovalente, sendo que a última delas deve ter sido administrada com um intervalo mínimo de quatro meses.
Os primeiros grupos a serem chamados foram os de idosos acima de 70 anos, indivíduos imunocomprometidos, residentes de lares de longa permanência e seus funcionários, indígenas, população ribeirinha e quilombola.
Em relação aos idosos com mais de 70 anos, o governo estima que 14 milhões de pessoas possam receber a vacina bivalente, mas até agora, somente 3,3 milhões (23,4% do total) procuraram os postos para atualizar a caderneta, conforme um levantamento feito pelo R7 com base nos dados disponíveis até o momento.
As coberturas estão baixas também para os demais grupos que foram convocados inicialmente. De 1,3 milhão de imunocomprometidos, 163,9 mil (11,9%) tomaram a vacina bivalente, patamar semelhante dos residentes em lares de longa permanência (11,2%).
A primeira fase da vacinação tinha como alvo 18,7 milhões de pessoas, que fazem parte dos grupos acima. Deste total, apenas 3,6 milhões (19,4%) tomaram o reforço com a vacina bivalente.
No dia 18 de março, o Ministério da Saúde liberou o imunizante para todo o grupo prioritário e passou a incluir também gestantes e puérperas, idosos com mais de 60 anos e profissionais da saúde, por exemplo – um adicional de 35,5 milhões de pessoas.
Neste último grupo 2,5 milhões (7,1%) já se imunizaram, sendo os idosos acima de 60 anos o que tem a maior cobertura: 12,7%. Somente 4,2% dos trabalhadores da saúde tomaram a vacina, e 0,75% das gestantes e puérperas. Ao todo, dos 54,2 milhões de brasileiros aptos a tomar a bivalente, cerca de 6,2 milhões (11,4%) se imunizaram.
“Nós já temos todas as vacinas, e a gente pode adotar aquela estratégia em bloco, quer dizer, todo mundo que está no grupo prioritário pode comparecer à unidade de saúde, observando, na sua cidade, como está sendo essa chamada”, disse no dia 18 a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel.
Um dos motivos apontados por especialistas em imunizações ouvidos pela reportagem para a baixa procura por vacinas contra a Covid-19 é a menor percepção de risco por parte da população.
Além disso, também existe dificuldade de convencimento das pessoas acerca da necessidade de manter o esquema de doses atualizado, especialmente em um cenário de desinformações nas redes sociais.