Um touro de nove anos teve infecção de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) – doença conhecida como mal da vaca louca – confirmada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na quarta-feira (22). O animal vivia em uma pequena propriedade em Marabá, cidade do Pará.
O bovino foi abatido e os restos foram incinerados. Segundo o órgão, trata-se de uma forma atípica da doença, que surge espontaneamente em animais mais velhos, sem risco ao rebanho e ao ser humano.
De acordo com o Mapa, uma amostra coletada foi enviada a um laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em Alberta, no Canadá, para confirmar se o caso foi atípico.
Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China estão temporariamente suspensas desde quinta-feira (23). No mesmo dia, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se encontrou com o embaixador do país no Brasil, Zhu Qingqiao, para prestar informações.
Em 2021, dois casos atípicos da doença ocorreram no país, um em Mato Grosso e um em Minas Gerais. Mesmo sem confirmação, a China, maior compradora de carnes do Brasil, suspendeu as importações por 100 dias e gerou um prejuízo de US$ 1 bilhão.
- O que é o mal da vaca louca?
Mal da vaca louca é o nome popular da EEB, uma doença grave, que não tem cura ou vacina e provoca a morte dos bovinos atingidos.
A enfermidade atinge o sistema nervoso dos animais, causa degeneração no cérebro e provoca comportamento agressivo – daí vem a nomenclatura pela qual é mais conhecida.
Além de bois e vacas, a doença acomete búfalos, ovelhas e cabras.
- Como o mal da vaca louca é transmitido?
–Nos animais
A OMSA aponta que existem duas formas da doença: a clássica e a atípica.
A clássica ocorre quando o gado consome ração infectada. A organização aponta que, embora a doença tenha sido identificada como uma ameaça significativa nos anos 90, o número de casos caiu com o passar dos anos. Hoje, por conta de medidas de prevenção e controle, os casos são próximos de zero.
A atípica acontece naturalmente nos bovinos e também tem taxa de incidência baixa. Ainda hoje, não há evidência de que essa forma é transmissível.
–Nos seres humanos
Nos seres humanos, a doença é transmitida pelo consumo de carne, leite, queijo e outros produtos que venham dos animais contaminados.
Quando contamina pessoas, a infecção é uma variante da doença Creutzfeldt-Jakob.
Vale ressaltar que é uma doença rara. Para se ter uma ideia, mesmo a forma mais comum, que não vem da vaca louca, soma cerca de 350 casos anuais nos Estados Unidos. As informações são do Instituto Nacional de Doenças Neurológicas e Derrame do país (Ninds, na sigla em inglês).
No fim dos anos 1990, houve um surto de casos de mal da vaca louca em humanos na Grã-Bretanha, que provocou a suspensão do consumo de carne bovina no país por vários meses. No episódio, a OMSA aponta que o número de casos foi “extremamente baixo”
À época, a doença foi transmitida aos seres humanos por meio de bois alimentados com ração animal contaminada – ou seja, os bovinos estavam infectados com a forma clássica da enfermidade.
- Quais são os sintomas da vaca louca?
Nos animais
A OMSA aponta que, em bovinos, a infecção causa:
-Comportamento agressivo
-Depressão
-Hipersensibilidade ao som e ao toque
-Tremores
-Postura anormal
-Falta de coordenação e dificuldade de levantar
-Perda de peso
-Queda na produção de leite.
Nos seres humanos
Nas pessoas, o Ninds aponta que os sintomas da variante de Creutzfeldt-Jakob são:
-Demência e deterioração mental grave
-Movimentos musculares involuntários
-Falta de coordenação motor
-Problemas com raciocínio e memória
-Alterações comportamentais
-Confusão
-Alterações na visão, podendo levar à cegueira
-Perda da mobilidade e da fala
-Coma.
- O que causa a doença da vaca louca?
Uma proteína infecciosa de nome príon causa a enfermidade. O príon se acumula no cérebro e consome o órgão do animal, tornando-o comparável a uma esponja.