APouva: grupo luta para regularização do Passe Livre e obstáculos superados no tratamento do câncer
Da Redação
Em emocionante entrevista ao programa “Fogo Cruzado”, transmitido pela Rádio Equinócio FM (99,1), as fortes mulheres da APouva (Associação de Pacientes Oncológicos Unidos pela Vida e pelo Amor) relataram os dramas sofridos, batalhas e superações de união ao longo do tratamento oncológico, e a luta para regularizar um projeto de lei de autoria do vereador Alexandre Azevedo sobre o Passe Livre de pacientes.
Já há um acerto por parte do prefeito Furlan na questão do Passe Livre, mas que para colocar em prática, é necessário a aprovação de um cadastro com os pacientes que serão beneficiados, onde terão todas as informações do paciente. Nos dias 13,14 e 15, na “Casa Nosso Lar”, na av. Procópio Rola, nº 28 – centro da capital, no horário de 9h as 13h, a APouva irá realizar um pré-cadastro para esses pacientes.
Sobre a APouva, a presidente Lea Learte detalhou o início do grupo e superações enfrentadas: “Nos conhecemos em 2017 no corredor do hospital. No mesmo ano, fomos convidadas a um ensaio de fotos pela Secretaria da Mulher, e através desse ensaio, tivemos a ideia da criação de um grupo de whatsapp onde ficamos trocando experiência sobre o tratamento e após conversa, a proporção se tornou maior e resolvemos trabalhar voluntariamente e promovemos o primeiro evento em 2019”, disse ela.
Receber o diagnóstico de câncer não é fácil. Mas, seja qual for o sentimento nesse momento, sempre há esperança pela cura o mais breve possível. Entretanto, muitas pessoas não costumam fazer seus exames preventivos periodicamente e, quando descobrem a doença, muitas vezes já está em um estágio avançado.
“Um dia, senti um nódulo em meus seios. Para mim não era nada. O medo de procurar atendimento e receber um diagnóstico desfavorável era grande. Me acomodei com aquilo e guardei para si. Não falei para ninguém. Pensava que poderia ser curada pela minha religiosidade, até o momento que não suportei mais aquele sofrimento que estava passando e procurei o médico. Fiz uma mamografia e foi positivo o laudo para câncer. Passou mil coisas na minha cabeça. O medo de morrer era grande”, resumiu com emoção, a paciente Mara.
Após o diagnóstico, o tempo é o maior inimigo. De acordo com cada organismo e o tipo de câncer, a doença pode avançar rapidamente, por isso um tratamento eficaz é o principal aliado na cura dos pacientes oncológicos. Infelizmente nem sempre é o que acontece, as dificuldades enfrentadas na Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia), em Macapá, persistem e os pacientes que necessitam de tratamento especializado muita das vezes precisam recorrer ao tratamento fora do estado.
Para se ter uma noção, dentro da Unacon são 4 ambulatórios para 29 médicos. O psicólogo que necessita de uma sala especial não existe; ele atende esses pacientes no corredor ou na espera de desocupação de uma sala. Esse paciente não possui um acolhimento satisfatório.
Várias ações do Ministério Público do Estado do Amapá (MP-AP), através de inspeção judicial, foram realizadas no setor de Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), no Hospital das Clínicas Dr. Alberto Lima (HCAL). Entre os pontos observados pela equipe de inspeção, algumas se destacaram como a procedência de denúncias de irregularidade no fornecimento contínuo de medicamentos oncológicos, a realização de exames de imagem necessários ao acompanhamento destes pacientes e das cirurgias de baixa e média complexidade.
É direito do paciente com câncer em tratamento em outro estado receber as passagens aéreas e ajuda de custo enquanto permanece longe de casa. Esse recurso é pago aos cadastrados e atendidos pelos SUS (Sistema Único de Saúde), conforme determina uma portaria de 1999, do Ministério da Saúde, que criou o Programa de Tratamento Fora do Domicílio (PTFD). Infelizmente, com a lenta burocracia do sistema, muitos pacientes perdem a vida.
Em relação ao Hospital de Amor, que é referência na prevenção do câncer do Estado, atende mulheres a partir dos 26 anos, para tratamento do preventivo sem requisição médica; basta se dirigir à unidade, agendar sua consulta e realizar o exame. Informando ainda que no momento, o exame está cancelado por falta da medicação adequada e por descaso do governo. O material coletado é enviado para São Paulo e os custos são elevados.
Existe uma Lei Federal nº a Lei 14.450, que cria o Programa Nacional de Navegação de Pacientes para Pessoas com Neoplasia Maligna de Mama. O programa prevê o acompanhamento dos casos de suspeita ou de confirmação de câncer de mama, com abordagem individual dos pacientes para prestar orientações e ajudar a agilizar o diagnóstico e o tratamento da doença. Esse acompanhamento será feito por navegadores de pacientes, que são profissionais (em geral enfermeiros e assistentes sociais) treinados para facilitar a trajetória do doente. Infelizmente, essa Lei não é cumprida.
Para se ter uma ideia do tratamento, após o diagnóstico do laudo, é preciso realizar uma biópsia (maligno ou benigno), que está estimada em torno de R$ 1.300 (rede particular). Após essa biópsia, tem que passar pelo imuno-histoquímico, que é um exame que confirmará qual tratamento será realizado (cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou Tratamento Fora de Domicílio (TFD)) – valor por volta de R$ 800. O setor de patologia do HCAL, que é a unidade responsável para realizar esse exame está parado há 1 ano, tornando impossibilitado o exame na rede pública. Sem os custos do tratamento, a doença se agrava e o risco de morte é certo.