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Violência contra a pessoa idosa cresce no Amapá, mas números ainda são subnotificados

Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Macapá (CMDPI), Nádia Souto, falou sobre os números na manhã desta quarta-feira (04), durante entrevista ao programa Primeira Opção (Equinócio 99,1FM)

Elden Carlos / Editor

A violência contra a pessoa idosa é uma realidade e os casos têm aumentado no país. Existe a violência física, como abuso e maus tratos físicos; violência por negligência ou abandono, que os priva de medicamentos, cuidados de higiene e proteção contra o frio ou o calor; violência econômica praticada por familiares, pessoas conhecidas – ou até desconhecidas – que se apropriam do dinheiro e dos bens adquiridos pelo idoso durante a vida.

Em junho de 2022, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), divulgou balanço de dados do Disque 100 sobre o tema. Segundo as informações, de janeiro a 2 de junho do ano passado, já haviam sido registradas mais de 35 mil denúncias de violações de direitos humanos contra pessoas idosas.

Segundo o próprio ministério, em mais de 87% das denúncias (30.722) as violações ocorreram na casa onde o idoso residia. Entre os agressores, os filhos são os principais responsáveis pela violação, figurando como suspeitos em mais de 16 mil registros, seguidos por vizinhos (2,4 mil) e netos (1,8 mil).

Diante desses números, a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Macapá (CMDPI), Nádia Souto, revelou na manhã desta quarta-feira (04), durante entrevista ao programa Primeira Opção (Equinócio 99,1FM), que os casos de violência contra pessoa idosa cresceram nos últimos tempos, mas a subnotificação continua sendo um grande desafio.

“No 2º semestre de 2022 tivemos o registro de 175 demandas espontâneas e através do Disque 100. São 175 ocorrências de todo tipo de violência contra a pessoa idosa, mas esse número pode ser infinitamente maior, já que temos uma subnotificação muito grande. Isso ocorre pelo fato de não termos uma central especifica que copile esses dados. Então, não temos o retrato exato ou aproximado da realidade sofrida pelos idosos no Amapá. Estimamos que o Estado tenha mais de 45 mil pessoas idosas, sendo que 22 mil delas residem na capital, Macapá. Meu sonho é que se crie uma rede de atendimento à pessoa idosa, e que esses dados passem a ser o mais claro possível, se tornando em políticas públicas”, disse Nádia.

A presidente citou ainda casos que levaram à morte de pessoas idosas por negligência ou desassistência da própria família. “Infelizmente, a pessoa idosa, para muitos, acaba se tornando um ‘peso morto’. As famílias acabam abandonando, mas, ao mesmo tempo, esses familiares se apropriam da renda da aposentadoria ou pensão, realizando até mesmo empréstimos sem o consentimento ou conhecimento do idoso. Tivemos um caso recente em que a filha de uma senhora se instalou na casa da mãe com objetivo claro de ‘tomar’ o imóvel. Ela tem outros irmãos, mas claramente quer se apropriar dessa residência apenas para ela. É um caso que já levamos ao Ministério Público do Estado. Como esse existem muitos outros similares”, afirmou.

Mas, o trabalho desenvolvido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Macapá enfrenta um desafio próprio muito maior. Apesar da importância, até hoje a entidade nunca possuiu sede própria.

“É um trabalho de formiguinha. Não temos sede própria, central telefônica de atendimento e muito menos um veículo para atender as demandas. Gostaríamos muito que Município, Estado e nossa bancada federal empunhasse essa bandeira no sentido de conseguir um espaço digno para que pudéssemos realizar nosso trabalho com mais eficácia. Creio que os nossos políticos possam olhar para o Conselho com mais carinho a partir desse ano. Tudo o que eles fizerem será em prol dos nossos idosos”, concluiu.

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