Brasil

Taxa de juros no maior nível em 5 anos já inibe crescimento do Brasil

Manutenção da Selic em 13,75% ao ano surge em meio a expectativas mais pessimistas para a inflação e sinalização de que a taxa básica vai permanecer alta por mais tempo

O movimento que levou a taxa básica de juros ao maior patamar desde 2017 na tentativa de conter o avanço da inflação já motiva os primeiros sinais de desaceleração da economia brasileira e deve dificultar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

Desde março do ano passado, a taxa básica de juros saltou 11,75 pontos percentuais e permanece estacionada em 13,75% ao ano desde agosto. Na quarta-feira (7), ao manter o atual patamar da Selic, o BC (Banco Central) destacou que “não hesitará em retomar o ciclo de aumento de juros, caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

“A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal, requer serenidade na avaliação dos riscos. O comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”, disse.

Os primeiros efeitos da disparada dos juros na economia foram evidenciados pelo PIB do terceiro trimestre. Apesar do crescimento de 0,4% na comparação com os três meses anteriores, o resultado corresponde a uma perda de ritmo frente aos períodos anteriores.

Roberto Piscitelli, membro da Comissão de Política Econômica do Cofecon (Conselho Federal de Economia) explica que o movimento já limita a procura por serviços, segmento responsável por 70% de toda a produção nacional e aquele que segura o desempenho positivo da economia neste ano.

 “A elevação da taxa de juros já está produzindo seus efeitos recessivos. O período prolongado de sua aplicação desestimula investimentos, restringe o consumo e sangra as finanças públicas”, afirma Piscitelli.

Ao projetar um crescimento de 1,6% para 2023, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) cita o alto nível dos juros como um entrave para a evolução da economia e vê o comércio como o segmento mais afetado pela alta dos juros.

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