Parlamentar teria usado um policial penal, que é seu assessor na Alap, para cooptar uma policial militar no sentido de que ela lançasse uma candidatura ‘laranja’ nas eleições de 2022
Elden Carlos / Editor
A Polícia Federal (PF) cumpriu três mandados de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (14) no comitê de campanha, residência e gabinete parlamentar do deputado estadual Jory Oeiras (PP), na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), durante a Operação Maquilagem, que investiga um suposto esquema criminoso envolvendo a candidatura ‘laranja’ de uma policial militar que teria sido cooptada pelo parlamentar, por intermédio de um policial penal que é assessor do deputado.
Segundo a PF, estão sendo investigados os crimes de “associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral, captação ilícita de sufrágio e peculato, em razão de esquema de compra de votos e captação de pessoas para candidaturas femininas fraudulentas, sob o oferecimento de vantagem indevida com recursos do fundo partidário”, como descreve trecho da nota.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral no Amapá (TRE/AP) e cumpridas na capital, Macapá, e no município de Santana, onde mora o deputado.
Investigação
De acordo com a Policia Federal, Jory Oeiras teria usado um assessor de seu gabinete, que é policial penal, para oferecer vantagens a uma policial militar no sentido de que ela se apresentasse como candidata ao pleito de 2022, garantindo com isso o percentual feminino na composição da nominata, que deve ser formada por 30% de candidaturas femininas.
Entre outras vantagens a policial receberia R$ 30 mil do fundo partidário; dispensa de 90 dias das funções militares com recebimento integral do salário, e um cargo comissionado na Assembleia Legislativa. O dinheiro do fundo – ainda segundo a PF – seria para benefício próprio, já que assessores do gabinete do deputado [reeleito] ficariam responsáveis por conseguir 30 votos para a candidata militar, no sentido de burlar uma possível fiscalização eleitoral.
Além de não fazer campanha, a mulher precisaria apenas gravar um vídeo com propaganda eleitoral, fazendo parecer que, de fato, ela estava disputando o pleito.
“O investigado afirma da ciência que a policial militar não iria se eleger e que a candidatura dela seria fraudulenta, com a contraprestação de um cargo em comissão na ALAP, caso determinado parlamentar vencesse as eleições”, diz outro trecho da nota.
A PF também declarou que o deputado iria procurar outras mulheres para compor a nominata: “A investigação ainda verificou que o executor do esquema procuraria outras “candidatas” caso a policial militar não aceitasse a proposta, trazendo fortes indícios o intuito de forjar candidatura feminina e o modus operandi de reiteração da conduta a fim de concretizar as fraudes”, revela o documento.
A PF identificou ainda indícios de que seria realizada uma contabilidade fraudulenta para obtenção dos valores, os quais seriam destinados não para o pagamento legítimo de despesas eleitorais, mas para remunerar a candidata ‘laranja’, caracterizando o crime de peculato.
Os investigados poderão responder pelos crimes de peculato, falsidade ideológica eleitoral, associação criminosa e compra de votos, cujas penas somadas podem chegar a 27 anos de prisão.
Em nota, por meio de sua assessoria, o deputado disse que se pronunciará sobre a operação posteriormente:
Nota de Esclarecimento
“Sobre a operação realizada pela Polícia Federal, no início da manhã desta sexta-feira, 14, o deputado estadual Jory Oeiras (PP) vem a público informar que se manifestará oportunamente assim que tomar conhecimento de forma oficial do que foi narrado em nota da PF e veiculado na mídia local.”